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SAÚDE SAÚDE
UNIR VOZES PELA SAÚDE MENTAL
U nir vozes pela saúde mental: especialis-
tas apelam ao fim do silêncio e à cons-
trução de comunidades mais empáticas
Evento na Universidade Católica de
Braga encerrou a III Semana da Saúde
Mental das Irmãs Hospitaleiras e apre-
sentou o “Guia de Etiqueta na Saúde
Mental” da Cruz Vermelha Portugue-
sa, no âmbito do projeto europeu EU-
4Health.
A saúde mental é hoje um dos maiores desafios
de saúde pública. Em Portugal, mais de 20% da
população sofre de perturbações psiquiátricas e
as taxas de depressão e ansiedade continuam a
crescer, sobretudo entre os profissionais de saúde.
Foi neste contexto que, no Dia Mundial da Saúde
Mental, a Universidade Católica de Braga recebeu
o evento “Unir Vozes pela Saúde Mental”, uma ini-
ciativa conjunta das Irmãs Hospitaleiras de Braga
e da Cruz Vermelha Portuguesa - delegação de
Braga, que encerrou a III Semana da Saúde Mental.
EU4Health: cuidar de quem cuida e formar co-
munidades mais resilientes
O encontro enquadrou-se no projeto internacio-
nal EU4Health, que teve como objetivo reforçar a
resiliência dos sistemas de saúde europeus e pro-
mover a prevenção, o empoderamento e a saúde
emocional das comunidades.
Como explicou Marina Ribeiro, psicóloga clínica e “Ver é estar atento aos sinais de sofrimento. Ouvir
Eva Pereira comunitária da Cruz Vermelha de Braga, a orga- significa escutar sem interromper nem julgar. Li-
nização quis “ir mais além do apoio emergencial”, gar consiste em ajudar a pessoa a encontrar apoio,
criando ferramentas de capacitação emocional e para que não se sinta sozinha”, explicou Marina Ri-
formando cidadãos preparados para prestar Pri- beiro.
meiros Socorros Psicológicos.
Um guia para comunicar com empatia
“A capacitação comunitária ao nível dos primei- Foi também neste contexto que nasceu o “Guia de
ros socorros psicológicos é tão premente quanto Etiqueta na Saúde Mental”, uma publicação que
a relativa aos cuidados físicos. Quando formamos propõe orientações práticas sobre como falar com
cidadãos capazes de prestar ajuda imediata — seja alguém em sofrimento psicológico, com empatia,
perante um acidente, uma crise de ansiedade ou respeito e sem julgamentos.
um episódio de sofrimento agudo —, estamos a
construir comunidades mais seguras, solidárias e “Este guia não é um manual técnico, mas uma fer-
emocionalmente competentes”, referiu. ramenta de proximidade. Pretende inspirar peque-
nas mudanças de atitude — ouvir com atenção, res-
No âmbito deste projeto, que contou com o apoio peitar o espaço emocional do outro e evitar rótulos
da Comissão Europeia, a Cruz Vermelha Portu- — que podem fazer toda a diferença”, destacou a
guesa formou cerca de 3.900 pessoas em Primei- psicóloga.
ros Socorros Psicológicos — entre voluntários, co-
laboradores, técnicos da área social, professores O objetivo é claro: tornar a saúde mental uma prio-
e membros da comunidade —, seguindo o modelo ridade visível, alcançável e descomplicada para to-
definido pela OMS, baseado nos princípios “Ver, dos, promovendo uma cultura de cuidado e apoio
Ouvir e Ligar”. mútuo.
66 NOVEMBRO · 2025 #SIMatuaREVISTA

