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DESPORTO                                                                                                                                DESPORTO


               Bracarense Daniela Vilaça arrecada a terceira medalha de Jiu-Jitsu brasileiro

               “É EXTREMAMENTE

               GRATIFICANTE E


               MARAVILHOSO


               VENCER UMA

               COMPETIÇÃO”



               A           os 43 anos, a bracarense Daniela Vilaça é campeã
               TEXTO: Marta Amaral Caldeira

                           europeia  de  Jiu-Jitsu  brasileiro  (categoria  Master
                           3). É o segundo título mais importante do mundo.
                           Esta é já a terceira medalha que a atleta ganha, des-
                           ta vez no Campeonato Europeu realizado em janei-
                           ro, num desporto ao qual ficou rendida no dia em
               que o experimentou, provando que não há idade para começar uma
               atividade desportiva e tornar-se uma atleta de sucesso.
               “O Jiu-Jitsu é um desporto de muito contato físico e que nos exige um
               grande nível de concentração e quem vê de fora tem muita dificuldade
               em querer experimentar, mas a verdade é que mesmo que não per-
               cebamos nada no início, algumas aulas depois já conseguimos fazer
               e entender muita coisa. Quando estou aqui, independentemente das
               pressões externas que possamos estar a sentir, o foco é de tal ordem
               que não há espaço para mais nada. Tudo o resto desaparece”, refere a
               atleta, em entrevista à Revista Sim.
               “Vim fazer uma aula experimental e inicialmente foi muito difícil conse-
               guir entender, mas vai-se evoluindo aula a aula. É uma evolução muito   nível de empatia que o desporto nos dá e que dificilmente encontra-
               pessoal, mas o foco é conseguir fazer sempre melhor”, apesar de na   mos noutra esfera da vida”.
               ‘turma’ que  integra  serem  praticamente  só  homens.  Chamam-lhe  o   Ter +40 anos, filhos, trabalho e uma vida ativa com exercício físico
               “alicate” pela performance que tem quando puxa o adversário para a
               guarda fechada, de onde é difícil sair, comenta o colega Pedro Pereira,   Daniela Vilaça assinala a importância que o exercício físico tem na sua
               antes de entrarem para mais um treino, destacando que a modalidade   vida e como a ajuda a alcançar o equilíbrio necessário. “Mulheres que
               “é fascinante pela forma como se consegue praticar sem impactos ou   trabalham como nós e que têm mais de 40 anos, filhos e família, que
               nódas negras”.                                          cozinham todos os dias, que estudam e fazem mil e uma outras coisas,
                                                                       esquecem-se, muitas vezes, delas próprias e de cuidar delas porque
               Daniela entrou no fantástico mundo do Jiu-Jitsu há apenas dois anos e
               foi nele que encontrou a paz dos seus dias, juntando-se a um grupo de   a família e os outros estão sempre em primeiro lugar e isso não pode
               atletas da Equipa Apex Ludus, instalada no Bom Jesus Crossfit. Hoje   ser. Não pode porque o nosso bem-estar e a nossa saúde é essencial”.
               assume a modalidade como parte da sua rotina diária. “Eu sempre dis-  “Eu comecei a adorar o Jiu-Jitsu não só pela capacidade física que me
               se ao Alberto – o instrutor – que não queria ir para as competições, mas   dá, mas, sobretudo, pela capacidade de resistência que me potencia
               uma aposta com uma amiga e colega de treinos levou-me ao primeiro   quando estou numa situação mais preocupante e conseguir ter a cal-
               torneio e ganhei o gosto.                               ma de pensar primeiro antes de agir. É maravilhoso”, garante.
               A ´Alicate´ recorda, ainda, com efusividade o momento que disseram   Verdadeiramente feliz com os resultados já alcançados por Daniela Vi-
               o seu nome e lhe levantaram o braço em sinal de vitória.  “O principal
               é raciocinar muito rápido”, conta a atleta, garantindo que “é extrema-  laça está José Alberto Lima, o instrutor de Jiu-Jitsu e responsável pelo
               mente gratificante e maravilhoso vencer uma competição”.   Clube  Apex  Ludus. “Orgulhoso”.  “Para  um professor, o melhor  que
                                                                       pode acontecer é ver os seus alunos a colocar em prática o que treina-
               A última competição em que participou prolongou-se durante uma   mos todos os dias. Estou muito orgulhoso da Daniela, sobretudo, por-
               semana  inteira  em  Lisboa,  onde  estiveram  presentes  mais  de  6250   que ela não tem uma vida super agitada mas a forma como se entrega
               atletas de todas as faixas etárias. “Só nas competições é que tive a no-  ao treino é exemplar. Não se queixa, ‘rola’ com todos os colegas, inde-
               ção da quantidade de atletas que existe a praticar esta e agora interes-  pendentemente de serem mais fortes, e no Campeonato Europeu de
               sa-me cada vez mais. Gosto de ver e gosto de participar nas competi-  Jiu-Jitsu teve uma performance brilhante. Estou extremamente feliz
               ções e é mesmo bom sentirmos o público assistente a torcer por nós e   por ela e acima de tudo por ela demonstrar que apesar de ter começa-
               depois tuas lutas. O mais engraçado é ver que como os adversários que   do tarde, com trabalho e esforço conseguem-se alcançar os objetivos
               defrontas numa outra competição estão a torcer também por ti. É este   com que se sonha”.

               58                                               MARÇO · 2025                                 #SIMatuaREVISTA
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