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REPORTAGEM
O curso na APCEB – Associação Profissional de Cabeleireiros e
Estética de Braga - custou-lhe 2000 euros, para além do material
e as máquinas necessárias, cujo valor ascende aos 1000 euros.
Um investimento avultado, mas essencial. “Só quando finalizei o
curso é que abri, então, o meu espaço em nome próprio”. Tinha,
então, 18 anos e a pandemia de Covid-19 à porta.
“Abri o meu espaço no dia 18 de janeiro de 2020, precisamente
um mês e meio antes do primeiro confinamento devido à pande-
mia de Covid-19. Fiquei desolado, só Deus sabe! As pessoas hoje
parece que já se esqueceram, mas foi há pouco mais de dois anos
e, para mim, é impossível esquecer. Foi uma grande provação e
tive que pedir dinheiro aos meus avós para manter o salão. Mas
tudo acabou por correr bem. É preciso manter a resiliência!”, con-
fessa.
Desde então o crescimento tem sido “astronómico”, mas é crucial
manter o foco e estar permanentemente atualizado. “Continuo a
apostar em formações e posso dizer que já estive com os melho-
res cabeleireiros do mundo. Aprendi muito, sobretudo no que diz
respeito a técnicas master e essa é a grande diferença porque é
essencial perceber ao detalhe cada tipo de cabelo, estilo, corte,
rosto, etc., para conseguirmos dar o melhor aconselhamento ao
cliente”.
“Comecei a ver vídeos na Internet e como frequentava muito o ca-
beleireiro também ia aprendendo através de muita observação e aos
poucos comecei a cortar cabelos, mas claro que é preciso gostar-se
mesmo da arte”, diz, entre sorrisos que vai esboçando enquanto
apresenta os argumentos que o levaram ao empreendedorismo.
“Julgo que antes de iniciarmos qualquer projeto é muito importante
percebermos se gostamos verdadeiramente do que fazemos”.
Primeiro salão na garagem do pai
Pedro Pinhon recorda que quando disse em casa que ia abrir um sa-
lão de cabeleireiro a família ficou estupefacta. “Ninguém acreditava,
mas eu expliquei que era mesmo o que eu queria fazer e disse ao
meu pai para tirar o carro da garagem, pois eu ia precisar do espa-
ço para montar o meu salão e ter condições para atender clientes”.
O tempo acabou por dar-lhe razão e os primeiros clientes foram os
colegas da Escola Secundária Alberto Sampaio. “Foi uma enchente
e eu estava super contente”.
Entretanto, surge a oportunidade de ir trabalhar para um salão com
um cabeleireiro muito experiente – Wylliam Viana. “Foi no salão de
Wylliam Viana que eu realmente cresci profissionalmente. Ele tinha
chegado há pouco tempo a Portugal e procurava colaboradores em
Braga. Aprendi imenso e ele ensinou-me a cortar cabelo em três me-
ses – mas foi preciso muita dedicação. Quando comecei a ter já algu-
ma experiência e, também, liquidez financeira, decidi tirar o curso”.
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