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SAÚDE

                                      A DOR QUE TEMOS É SEMPRE


                                      INDIVIDUAL, SUBJETIVA E ÚNICA
                C                     omemora-se o Dia Nacional de Luta contra a Dor na ter-  Para isso, necessitamos de um conjunto alargado e abran-



                                      ceira sexta-feira do mês de outubro, dia 18, de acordo com
                                                                                  gente de meios, desde os agentes químicos (medicamen-
                                      a agenda nacional e internacional de quem lida, estuda ou
                                                                                  tos), aos meios físicos e às técnicas psicológicas para o tra-
                                                                                  tamento da dor. Os medicamentos são usados de forma
                                      trata a dor. Assim também acontece em Portugal, como
                                                                                  mais ou menos corrente por qualquer médico, ainda que
                                      propõe a Associação Portuguesa para o Estudo da Dor
                                                                                  em alguns casos necessitam de formação mais especifi-
                                      (APED), a representante portuguesa da Associação Mun-
                                      dial para o Estudo da Dor (International Association for the
                                      Study of Pain - IASP).
                                                                                  outros agentes físicos e técnicas psicológicas implicam for-
                                                                                  mação especializada na sua utilização.
                                      A dor crónica é reconhecida como doença desde 2001 e,
                                                                                  O  médico  fisiatra,  especialista  em  Medicina  Física  e  de
                                      em Portugal, estima-se que afete cerca de 1/3 da popu-  ca e especializada para o seu correto manuseamento. Os
                                      lação portuguesa. É a principal razão pela qual todos nós   Reabilitação, como eu, é um profissional privilegiado nesta
                                      procuramos aconselhamento profissional médico e, tanto   situação, por dominar enquanto clínico os medicamen-
                                      quanto possível, especializado. Se na maioria dos casos se   tos, as técnicas e agentes físicos, tão ou mais importantes
                                      trata de uma situação passageira mais ou menos acentua-  no combate à dor e na ajuda a quem sofre desta doença.
                                      da (dor aguda), que serve como sistema de alerta ao nosso   Todos implicam diferentes meios e medidas de aplica-
                                      cérebro de que algo não está bem no nosso corpo, noutros   ção. São geralmente bem aceites, ainda que nem sempre
                                      casos desenvolve-se ao longo da vida e acaba por se esta-  completamente satisfatórios, pelo que o médico fisiatra é a
                                      belecer como uma doença que afeta o ser humano na sua   garantia do saber clínico e médico na sua utilização para o
                                      totalidade e em toda a sua vivência (dor crónica).  tratamento da dor.
                                      A dor que temos é sempre individual, subjetiva e única.   No entanto, o mais importante de tudo será mesmo pre-
                                      Depende da experiência emocional passada de cada indi-  venir o aparecimento da doença e daí a necessidade de
                                      viduo, pelo que é difícil descrevê-la e impossível reproduzi-  termos uma vida saudável, regrada nos hábitos e estilo de
                                      -la. É única para cada ser humano.          vida, particularmente no que diz respeito à alimentação e à
                                      Dor é o que cada um de nós experimenta e expressa, de   prática regular do exercício físico, como forma de combate
                                      forma mais ou menos emotiva, de acordo com o conheci-  ao sedentarismo, ao isolamento, à ansiedade e depressão
                                      mento e de cada situação dolorosa que vivemos no dia a   que normalmente acompanham a dor Crónica. Fazemos
                                      dia. Por esta razão, a dor crónica torna-se um desafio enor-  assim jus ao saber de todos nós, de que “mais vale prevenir,
                                      me para combater, porque é sempre diferente em cada   do que remediar”.
                                      pessoa. Não há remédios e soluções para todos e muito   Neste Dia Nacional de Luta contra a Dor, a APMFR des-
                                      menos pílulas douradas ou remédios milagrosos!  taca o papel multidisciplinar da Medicina Física e de Rea-
               Filipe Antunes         Para a combater, devemos usar todos os meios disponíveis,   bilitação que, com o seu trabalho e dedicação, auxiliam
                                      reduzindo ao mínimo possível as suas consequências ne-  na gestão e prevenção da dor. Saiba mais sobre a APMFR
               Fisiatra e Presidente da Associação   fastas e proporcionar a quem sofre de dor o máximo das   em www.apmfr.pt
               Portuguesa Para o Estudo da Dor (APED)
                                      suas capacidades funcionais.



































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