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BRAGA
A obra conta a história de um homem em busca de esperança e passa-se no Mosteiro de Tibães
‘AMAR AO CREPÚSCULO’ É O TÍTULO
DO NOVO ROMANCE DO ESCRITOR
BRACARENSE JOÃO NUNO AZAMBUJA
V im cá para ter sossego, e só agora a ‘era da imagem’”, criticou o professor,
Texto: Marta Amaral Caldeira
olhando com tristeza para o facto de Portugal
estou sossegado porque saí
figurar no terceiro lugar a contar do fim na área
de casa. (...). O silêncio é ver-
da leitura e sublinhando que “escrever é, hoje,
de matizado de cinzento, e eu,
inerte, de livro na mão, desde
Aponta, no entanto, que é preciso voltar a dar
que cheguei. Para me distrair, congemino, um ato de pura resistência, mas necessário”.
faço grandes esforços de imaginação, mas à literatura o espaço e dignidade que ela me-
custa a acreditar que viveram aqui monges, rece, realçando que “quem lê amplia significa-
homens fugitivos da normalidade. Normali- tivamente o campo lexical, o domínio da língua
dade? Que palavra medíocre. Então, eram e aumenta a respetiva capacidade expressiva”.
fugitivos da mediocridade. Eram como eu,
provavelmente, que tresnoito de noite e de E não só. “Para que serve a Literatura? Para
dia em algo peganhento. Sei que vim para cá pensarmos o mundo verdadeiramente”.
porque queria estar sozinho como um monge. “Este romance, ‘Amar ao Crepúsculo’, de João
Não, como um monge não: como um anaco- Nuno Azambuja oferece-nos uma panorâmi-
reta”. ca da nossa sociedade e realidade atuais, tal
como se nos apresentam, e com os ‘tiques do
O cenário é o Mosteiro de Tibães e a histó-
ria versa sobre um homem inquieto com as falar’ muito próprios da região minhota, ver-
dissonâncias do quotidiano que ali para, em sando, por meio de várias vozes, algumas das
busca de esperança. ‘Amar ao Crepúsculo’ é quais anónimas, sobre os defeitos e as virtudes
o novo romance do escritor bracarense João das pessoas”, explicou. “É um livro com grande
Nuno Azambuja, trazido à estampa pela mão plasticidade, movimento, vivacidade e muito
da editora ‘Morfema’. Foram muitos os amigos dinâmico, cujo pretexto é mostrar o meio en-
do autor que fizeram questão de marcar pre- em que o espaço – o Mosteiro de Tibães – sur- volvente”, destaca Sérgio Guimarães de Sousa.
sença, a obra foi apresentada ao público re- ge como ‘O’ grande protagonista da história. O editor da Morfema, José Moreira da Silva, as-
centemente, nas Cavalariças do mosteiro, com sinalou a “enorme qualidade literária” de João
as palavras calorosas e literárias do professor “Quando os livros são bons, lê-los vale mes- Nuno Azambuja, frisando que “é um grande
de Literatura da Universidade do Minho, Sér- mo a pena”, frisou Sérgio Guimarães de Sou- escritor, que já voa e que vai voar ainda mais”.
gio Guimarães de Sousa. Depois de ‘Breviário sa, sublinhando que a “boa literatura” deve e
da Vingança’, lançado no início do ano, João merece ser elogiada, dando como exemplo a Destaque-se, ainda, o facto de o primeiro livro
Nuno Azambuja surpreende o público braca- escrita de João Nuno Azambuja. “Hoje, a leitu- do autor, intitulado ‘Era uma vez um Homem’
rense com o romance ‘Amar ao Crepúsculo’, ra parece ter ficado para trás porque vivemos e que foi prémio UCCLA (União das Cidades
Capitais de Língua Portuguesa), está nomea-
do no Plano Nacional de Leitura como uma
das obras recomendadas para maiores de 18
anos.
OBRAS DO AUTOR
• Amar ao Crepúsculo, a procura da espe-
rança
• Breviário da Vingança, uma busca pelo
sentido da tranquilidade
• Era uma vez um Homem, que foi prémio
UCCLA (União das Cidades Capitais de
Língua Portuguesa), esteve no teatro e é uma
das obras recomendadas no Plano Nacional
de Leitura
• Os Provocadores de Naufrágios, baseado
na vida real de um alemão nascido no Porto
que combateu pelas tropas de Hitler
• Autópsia, uma alegoria sobre o fim do mun-
do no meio da indiferença.
40 OUTUBRO · 2025 #SIMatuaREVISTA

