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REGIÃO                                                                                                                                  REGIÃO


               Ponte da Barca vira palco de um festival vivo
               S.BARTOLOMEU JUNTA ROMARIA, RUSGAS


               E RAÍZES NUM TURBILHÃO DE COR E SOM


              D           e 18 a  24  de  agosto,  Ponte da   lher o primeiro de muitos momentos musicais e
               Texto: Patrícia Sousa

                                                    etnográficos que marcam esta edição.
                          Barca transforma-se num palco
                          a céu aberto onde a tradição e
                                                    O programa é denso e diverso: corridas de cava-
                          a festa se fundem num só cora-
                                                    los,  jogos  tradicionais,  mostras  gastronómicas,
                          ção.  A Romaria  de  S.  Bartolo-
                          meu,  uma  das  mais  autênticas
                                                    Melão Casca de Carvalho. A vertente musical é
               celebrações do Alto Minho, volta a surpreen-  exposições  e concursos,  como  o já tradicional
                                                    reforçada, com destaque para o concerto de Ni-
               der  com um  programa  que  cruza  fé,  cultura   ninho Vaz Maia a 20 de agosto — um dos pontos
               popular e espetáculos de peso como o de Ni-  altos da festa, já que o artista promete levar mul-
               ninho Vaz Maia.
                                                    tidões à Praça Terras da Nóbrega. Espera-se um
               Ponte da Barca deixa de ser apenas uma vila mi-  espetáculo carregado de emoção, que une o ro-
               nhota  para  se  transformar  numa  alma  coletiva   mantismo moderno à alma popular da romaria.
               que dança, canta, reza e celebra. De 18 a 24 de                           ne e procissão onde todas as freguesias do con-
               agosto, a Romaria de S. Bartolomeu leva o Alto   Mas há momentos que se escrevem em maiús-  celho desfilam com os seus santos e estandartes.
               Minho ao rubro — com rusgas até ao amanhecer,   culas.  E  é a  noite  de  23  que  consagra  esta  ro-  Um momento comovente que recorda que esta
               fé vivida na rua e emoções ao som de Nininho   maria  como  experiência  única.  O  Desfile  das   festa nasceu da fé — e continua a ser um gesto de
               Vaz Maia.                            Rusgas Populares arrasta multidões pelas ruas,
                                                    numa explosão de cor, som e alegria. As Rusgas   gratidão e esperança partilhada. A festa encer-
               Durante seis  dias,  a romaria  de  S. Bartolomeu   Populares descem à vila e o chão parece tremer   ra com fogo de artifício sobre o Lima — um final
               torna  Ponte da  Barca  numa  vila  em  estado  de   com os passos de quem dança o vira até os pés   apoteótico para uma semana onde o sagrado e
               festa  permanente. De todos  os  recantos  che-  se cansarem — que é como quem diz, até o sol   o profano convivem com naturalidade e brilho.
               gam vozes, danças, sabores e tradições que de-  nascer. Ali, não há espectadores: há participan-  Há festas que se vivem. E há festas que se sen-
               senham  um retrato vibrante da  alma minhota.   tes.  O povo  torna-se  artista,  a  rua  vira  palco,  e   tem na pele, nos ossos, no coração. A Romaria
               Considerada por muitos a mais genuína romaria   todos se deixam levar por essa alegria ancestral   de S. Bartolomeu, em Ponte da Barca, pertence
               do Alto Minho, este evento é uma ode à identi-  que só o Minho sabe guardar. Grupos formados   à segunda categoria. Ponte da Barca, nessa se-
               dade barquense e uma montra viva das raízes do   espontaneamente  percorrem  a  vila  ao  som  de   mana, não é só um lugar: é um sentimento cole-
               território.                          concertinas,  bombos  e  cavaquinhos,  enquanto   tivo. Quem lá vai pela primeira vez, volta. E quem
                                                    se dança o vira e se cantam desgarradas. Antes,
               O arranque dá-se a 18 de agosto com a abertura   o cortejo etnográfico mostra o melhor das tradi-  volta, nunca  se foi verdadeiramente embora.
               da Feira de Artesanato e das Tasquinhas e uma   ções do concelho.         Porque  a Romaria de  S. Bartolomeu  não  é  só
               romagem simbólica até à Capela de São Bartolo-                            uma festa: é uma promessa de alegria, tradição e
               meu. Ao cair da noite, a vila ilumina-se para aco-  O dia 24 é dedicado ao sagrado com missa sole-  comunhão que se renova todos os anos.






































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