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REPORTAGEM                                                                                                                              REPORTAGEM





































                                                                                                                        Foto:  João Gigante









               Cavaquinho Cantado é o primeiro disco - 2017 e vence   de ano de 2018/2019 num lotadíssimo Terreiro do Paço, com Ana Ba-
               Prémio Carlos Paredes 2018                             calhau, João Só e Tatanka como seus convidados especiais. O concerto
               Em 2014, o cantautor bracarense começa o seu projeto precisamente   acabaria por se repetir diversas vezes ao longo de 2019 noutros palcos
               com dois dos elementos da Tuna Académica do IPCA – André Ramos   pelo país, com Ana Bacalhau e outros convidados especiais, como Rão
               e Diogo Riço – “cheguei a ensaiar a tuna de Barcelos durante dois anos   Kyao, Júlio Pereira ou o galego Xabier Diaz, entre outros.
               e percebi que estes dois camaradas falavam a mesma linguagem mu-  Logo a seguir, a pandemia fez tremer, mas acabou também por servir
               sical que eu. E foi muito interessante e prazerosa essa descoberta. São   para “nos reinventarmos e criar novos projetos”. Daniel faz frequente-
               duas pessoas que ficarão para sempre na minha história e a quem agra-  mente oficinas de música e instrumentos tradicionais em associações,
               deço muito por esse início tão especial e que tocou tanta gente”.  autarquias,  escolas,  etc. No  seguimento desse  trabalho,  aconteceu
               “O primeiro disco - Cavaquinho Cantado, foi lançado em 2017, porque   uma aproximação à Associação Portuguesa de Educação Musical. O
               houve um desafio em 2015 de Júlio Pereira e da Associação Museu   músico bracarense começou a dar formações certificadas aos profes-
               Cavaquinho - de fazer um disco que aliasse o canto com o cavaquinho.   sores de música, de forma online e digital, em tempos de pandemia,
               A produção musical e artística foi já do Hélder Costa. O trabalho dis-  com o objetivo de estes poderem incluir o pequeno tetracórdio na sala
               cográfico acabou por vencer o Prémio Carlos Paredes 2018 e mudou   de aula ou em clubes extra curriculares. Este é um dos projetos em que
               a minha vida”, confessa Daniel Pereira Cristo, que deixou uma carreira   Daniel continua envolvido e que acredita ser de extrema importância,
               proeminente na área das lentes de contacto especiais, que o levaram,   tendo-o levado a uma colaboração com a editora Leya e a construção
               inclusive, a formações nos Estados Unidos da América, Reino Unido e   do manual de música do 6º ano, elaborando um guia de cavaquinho e
               França, área profissional que lhe deu estabilidade financeira na vida   uma série de vídeos tutoriais. O músico bracarense começou também
               familiar. “Mesmo antes de ter vencido o prémio, em 2017 após o lan-  a produzir bandas sonoras para vários projetos documentais cinema-
               çamento do disco num Theatro Circo esgotado, senti aquele ‘clique’   tográficos, dos quais podemos destacar o premiadíssimo internacio-
               de que era por ali que tinha que ir, pelo menos tentar e, a verdade, é   nalmente ‘Rostos da Aldeia’ - um projeto independente da jornalista
               que quando nos mostramos como profissionais disponíveis, as coisas,   Luísa Pinto, de Filipe Morato Gomes - autor de um dos primeiros e mais
               acabam por acontecer de uma forma ou outra. Tive que me despedir   importantes blogues portugueses de viagens - Alma de Viajante - e do
               do trabalho que fiz durante 15 anos, para me dedicar a 100 por cento   realizador Tiago Cerveira. Daniel Pereira Cristo, é o responsável pelas
               à música. Não foi uma decisão fácil porque a família ficou preocupada   bandas sonoras que acompanham os filmes produzidos, levando um
               com o meu futuro e, nessa altura, já tinha os meus dois filhos (o Dio-  trabalho atento e de descoberta no seu pequeno home studio, usando
               go e o Luís). Esta é uma vida incerta, em que nunca sabemos o dia de   as mais diversas sonoridades e instrumentos em torno  das imagens,
               amanhã”.                                               sempre com o objetivo de ajudar a narrativa e a envolvência dos filmes.
               O facto de ter participado com música ao vivo durante mais de 2 me-  No seu estúdio em casa, Daniel Pereira Cristo tem apoiado também
               ses no programa da RTP1 ‘Sete Maravilhas à Mesa’ também ajudou o   alguns grupos e artistas a produzir os seus discos: Origem Tradicional,
               músico a ter maior visibilidade e, depois dessa oportunidade, Daniel   Azeituna, Filipa Torres, Tuna Feminina do IPCA, Associação Festiva os
               Pereira Cristo recebeu o convite para fazer um concerto na passagem   Sinos da Sé, etc.

               50                                               JULHO · 2025                                 #SIMatuaREVISTA
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