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FESTIVAL FESTIVAL
Nómadas Festival 2025
O EPICENTRO DA CULTURA ELETRÓNICA
QUE COLOCOU BRAGA AO RÍTMO
DA CULTURA GLOBAL
N os dias 6, 7 e 8 de junho num evento que sificado dos grandes eventos de verão. Aqui, a experiência foi pensada
não só para ser ouvida, mas vivida e sentida. A iluminação sobre os re-
vai além da música, Braga foi palco de uma
levos da pedreira, conjugada com elementos ao vivo, como percussão
transformação singular: a antiga Pedreira do
Monte Castro, converteu-se num verdadeiro
UM PÚBLICO EXEMPLAR, UMA CIDADE QUE ACOLHE
santuário da música eletrónica. e guitarra compôs um ambiente onde a arte se confundia com o lugar.
Esculpido pelo tempo e agora moldado pela criatividade contemporâ- O festival decorreu com tranquilidade, sem incidentes relevantes, e
nea, num diálogo entre natureza e tecnologia, projetou-se uma Braga tanto a Cruz Vermelha como a segurança confirmaram um ambiente
diferente. O Nómadas Festival 2025 acolheu mais de 16 mil pessoas, exemplar, raro em eventos desta escala.
numa celebração sofisticada da música eletrónica, marcada por civis- O público, descrito como “bonito, pacífico e bem-disposto”, revelou-
mo exemplar, encontros improváveis e experiências sensoriais imersi- -se digno da cidade que o recebeu. Muitos vieram de fora, como um
vas. grupo vindos de Espanha que, rendidos à energia da pedreira, afirma-
UMA ARQUITETURA NATURAL PARA A CELEBRAÇÃO vam sentir-se “em Ibiza, mas ainda melhor” (risos).
CONTEMPORÂNEA O artista DJ Mole, da dupla (Jean Philippe & Mole), descreve assim a
Com um cartaz cuidadosamente curado, com talentos emergentes sua experiência: “Tocar nesta pedreira foi cinematográfico, o recinto é
e nacionais, tais como Miguel Rendeiro ou Tiago Cruz, à sul-coreana simplesmente deslumbrante. O público português tem um calor que
Peggy Gou e o francês RIVO que abriram e incendiaram o palco. O nos faz sentir em casa”. Quanto ao poder da música por um mundo
haitiano Francis Mercier, trouxe uma performance carregada de es- melhor é possível? “Claro que sim. Na música, as pessoas sentem-se
piritualidade, fundindo sons ancestrais com batidas eletrónicas, uma bem. Estão juntas, a passar bons momentos. Não há lados, não há
verdadeira viagem sensorial, o fecho com RÜFÜS DU SOL ficou mar- guerra, não há preto e branco, não há religião. Na música, sentimos to-
cado pelo momento mais icónico. O festival estabeleceu-se como uma dos igual. Estamos todos do mesmo lado, a sentir a mesma energia. É
proposta estética e cultural exigente, que se distancia do formato mas- isso que nos une.”
52 JUNHO · 2025 #SIMatuaREVISTA