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EXPOSIÇÃO
PALÁCIO DO RAIO
ACOLHE EXPOSIÇÃO MEMORAÇÃO
O Palácio do Raio vai acolher até 2 de Setembro a expo- CURADORIA DA INVESTIGADORA TÂNIA DINIS
sição “Memoração”, com curadoria da investigadora
Tânia Dinis nasceu em 1983. Com Mestrado em Práticas Artísticas Con-
Tânia Dinis e apoio de Tales Frey.
temporâneas FBAUP, 2015, o trabalho atravessa diversas perspectivas
O projecto da Memoração iniciou em 2021 e partiu de
estética relacional, partindo de imagens de arquivo de família a outros
uma proposta de pesquisa, recolha e investigação do
registos de imagem real.
Município de Braga e do então Museu da Imagem de Braga. e campos artísticos, tais como a fotografia, performance, cinema e o da
Da Open Call realizada na altura surgiram dez doadores que legaram Desde 2011, que o seu trabalho de pesquisa e criação, explora a inti-
várias dezenas de fotografias ao projecto, às quais se juntam, nesta midade, vida familiar, tempo-imagem-memória, e estes trabalhos em
mostra, o espólio do Museu da Imagem. Para o processo, a artista pro- específico, estão inseridos na série “Arquivo de Família”, a qual está em
curou debruçar-se sobre o invisível, aquilo que não se vê na imagem, o constante desenvolvimento e atravessa diversas perspetivas e campos
que não foi registado, o que foi eliminado e alterado. artísticos, como o da fotografia, o da performance, o do cinema e o da
estética relacional.
Na exposição, a fotografia de família assume um papel bastante signi-
ficativo porque constrói e reúne as memórias de uma história familiar. Esta pesquisa começa por investigar e recolher arquivos públicos ou
Assim, tanto funciona como documento, representando o real, como privados – arquivos esses que contêm filmes e Super 8, fotografias
o pode ficcionar. Fragmentos de vida registados, traços do dia-a-dia, analógicas, cartas, diapositivos, objetos, – para depois serem reunidos
testemunhos de qualquer coisa que desapareceu e às quais o especta- em experimentos artísticos reorganizados, revisitados, confrontados e
dor tem, agora, a ocasião de dar uma segunda oportunidade: a de criar, manipulados pela montagem, implementação de colagens e fragmen-
no seu imaginário e através destas imagens fotográficas, as situações tos sonoros, exploração da ideia de imagem como uma experiência da
do seu próprio quotidiano. efemeridade do tempo e da memória, recorrendo também, a outros
registos de imagem real, um trabalho de pesquisa em torno do tem-
Esta recolha, com imagens selecionadas para esse efeito, são de rele- po-imagem-memória. Desde 2019, que tem desenvolvido um trabalho
vante importância, pois passam por várias décadas, por um contexto de criação e pesquisa, na cidade de Braga, a partir de arquivos privados
socioeconómico e cultural, de uma região, e que ao mesmo tempo é e do próprio Museu da Imagem de Braga.
transversal a todos, o discurso da imagem vai se direcionando, resul-
tando em ensaios de composição visual que parte da sua apropriação, A proposta para a pesquisa, investigação, curadoria e exposição no
descontextualização e fragmentação. Refletindo sobre a noção de ar- Museu da Imagem de Braga, pretende prosseguir o trabalho, até aqui
quivo, a sua relação com o objeto fotográfico, no contexto da arte con- desenvolvido pelo Museu, agora procurando, imagens da década 1910,
temporânea e com o álbum de família. e no período temporal anterior e posteriores aos anos 60, documen-
tando-as e digitalizando-as, permitindo assim, que esta recolha seja
A visita à exposição será de entrada livre e pode ser realizada no horá-
rio de funcionamento do Centro Interpretativo das Memórias da Mise- um revisitar, deslocando as imagens do seu local original, do intimo ao
ricórdia de Braga, no Palácio do Raio, de terça a sábado das 10h00 às publico, uma segunda vida, para que possa ficar devidamente arqui-
13h00 e das 14h30 às 18h30. vada, para que depois se possa fazer uma viagem pelo seu contexto
socioeconómico e cultural, de uma região, mas que nos é transversal
a todos.
58 AGOSTO · 2024 #SIMatuaREVISTA