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UM
QUEM ENTRAR EM ENGENHARIA DE POLÍMEROS
NA UMINHO TEM PROPINAS E ESTÁGIOS PAGOS
PELA INDÚSTRIA
O s vinte estudantes que em setembro entrarem na li- Aderiram já mais de vinte empresas à iniciativa, como a Celoplás, Er-
nesto São Simão, Fehst, Plastipak, Silvex, Simoldes e Logoplaste. To-
cenciatura em Engenharia de Polímeros na Universi-
das as empresas nomearão um tutor que vai acompanhar a formação
dade do Minho vão ter as empresas do setor a finan-
dos alunos ao longo do curso e irão recebê-los em estágios durante as
ciar o valor da totalidade da propina, tutor na empresa
e, a cada verão, estágios na indústria com despesas
pagas. férias de verão. Estes estágios durarão duas a quatro semanas e per-
mitirão aprofundar o relacionamento entre os alunos e as empresas
associadas.
Este é o único curso da área no país e todos os alunos podem até con-
cluí-lo, em Guimarães, sem custear a propina, a qual é financiada para JOVENS MAIS QUALIFICADOS
todos os alunos do 1º ano, e a partir do 2º ano, os benefícios mantêm-se,
basta passar a todas as disciplinas e ter média superior a 13 valores. “No final do curso, teremos alunos com mais capacidade de evolução
e motivação, o que os tornará melhores profissionais”, afirma João Mi-
Esta iniciativa pioneira visa colmatar a clara falta de profissionais no se- guel Nóbrega. “Na prática, o mercado prefere ter alguém que conhe-
tor dos plásticos e moldes, área em que Portugal dá cartas no mundo, ce, ajuda a formar e depois contrata, reduzindo o risco e aumentando a
com as suas 1150 empresas, 43 mil trabalhadores e oito mil milhões de eficiência, em alternativa a contratar profissionais que não conhecem”,
euros de volume de negócios, cerca de 4% do PIB nacional. ilustra.
INICIATIVA INÉDITA A Escola de Engenharia da UMinho forma profissionais em Engenharia
de Polímeros desde 1978, tendo no país a única licenciatura e mestra-
“Na sociedade tem passado a ideia errada de que os materiais plásti-
cos são nefastos, que vão acabar e que este ramo não tem futuro, mas do da área e o primeiro doutoramento da área. As suas atividades de
a realidade é substancialmente distinta, pois a empregabilidade é de investigação e desenvolvimento são reconhecidas internacionalmen-
100%, a nossa indústria é uma referência internacional e esta área é te e decorrem em estreita colaboração com o Instituto de Polímeros
fulcral na mobilidade, informática, medicina, construção e em tantos e Compósitos e com interfaces da UMinho como o Polo de Inovação
outros campos”, resume o diretor do Departamento de Engenharia em Engenharia de Polímeros (PIEP) e o Digital Transformation Colab
de Polímeros da UMinho, João Miguel Nóbrega. “Além disso, precisa- (DTx), entre outros.
mos de novas mentes para trazer mais inovação, como desenvolver e A indústria nacional dos plásticos e moldes nasceu há várias décadas
processar novos polímeros, biopolímeros e polímeros biodegradáveis na região da Marinha Grande, com a migração da indústria do vidro,
para responder aos desafios societais, de acordo com a Agenda 2030 que tem técnicas de produção idênticas, a qual na altura perdeu uma
das Nações Unidas”, nota. significativa quota de mercado. Atualmente, as empresas estão dis-
tribuídas por todo o país, trabalham com marcas prestigiadas e são
O professor realça que a indústria está há anos com falta de jovens reconhecidas pela excelência e competitividade. Os polímeros acom-
qualificados, pois as vagas do curso não são preenchidas e os pedidos panham o dia a dia do cidadão comum quase sem este se aperceber,
de mão-de-obra qualificada cresceram substancialmente. A recente como o calçado, os óculos, o relógio, a carteira, os adereços, o telemó-
sugestão de envolver as empresas na formação superior “foi extrema- vel, a roupa ou a garrafa para água.
mente bem recebida” nas várias reuniões realizadas com os parceiros.
44 AGOSTO · 2024 #SIMatuaREVISTA