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REPORTAGEM REPORTAGEM
RED MAY
UMA RESPOSTA DE PROXIMIDADE QUE DÁ QUALIDADE DE VIDA
C hama-se projeto RED ria na sua qualidade de vida. “Quando não psicologia, decidi vir”, explica. Para a utente, a
venho, noto logo que estou pior. Com estes
diferença foi grande, de tal forma que conti-
MAY, Rede Comunitária
nuou a aceder ao serviço e é uma das pessoas
exercícios de memória e concentração, que
de Apoio e Manutenção
para Idosos em Áreas
concentrado e aliviado, a minha mão fica me-
“Desde que ando aqui, noto que estou me-
Rurais através da Tec- faço com a doutora [Filipa Pereira], fico mais que segue as profissionais para onde forem.
lhor, leio melhor. A doutora ‘obriga-me’ a tra-
lhor. Até lhe digo que já não vinha há 15 dias
nologia e Inovação, e surgiu no âm- balhar”, assegura Adelino. e hoje já nem conseguia fazer estes desafios
bito do Programa Operacional “EP O jogo tem vários níveis, com dificuldades que a doutora Filipa me propôs. Esqueço-me
- INTERREG VA Espanha - Portugal crescentes, que testam a concentração e me- das coisas com alguma facilidade e isto ajuda-
(POCTEP) 2014-2020”, juntamente mória. Enquanto demonstra como consegue -me bastante a trabalhar a minha memória. As
profissionais daqui ajudam-nos bastante, não
com a Xunta da Galiza e a Universida- ultrapassar os níveis, o utente conta que gosta só na psicologia, mas com qualquer dificul-
de de Vigo. A ideia era criar uma res- “muito de conviver, de encontrar pessoas, já dade que tenhamos; fazem-nos rir, brincam
posta que oferecesse gratuitamente que não me agrada o ambiente de café. Gos- connosco e precisamos disso. É muito impor-
to de ambiente sossegado. Ando aqui há dois
um conjunto de valências pensada anos e posso dizer que estou muito melhor. tante para mim”, assegura. “Enquanto houver,
para os mais velhos, acima dos 55 Muito melhor! [exclama] Já consigo ver mui- eu não vou desistir. Vou continuar a ir ter com
anos. Iniciado em 2019, apontava-se to melhor, a minha capacidade de orientação elas onde estiverem”, finaliza.
para cerca de 350 beneficiários no melhorou imenso, agora sou independente, o Daniel Pereira, de 69 anos, natural de Tadim, é
projeto piloto – apareceram mais de que não acontecia antes”. outro dos utentes que acedeu aos serviços do
2 mil! Por isso, o projeto foi alargado “Dá-nos qualidade de vida”, explicam RED MAY e nunca mais deixou. “Eu sou apo-
sentado e fui aconselhado pelos meus amigos a
e hoje está em todas as freguesias do utentes vir aqui. Já quase todos vieram cá e, desde que
concelho de Braga. Fomos conhecer Aos 78 anos, Felicidade Rodrigues denota vim há três anos, nunca mais desisti. Fiz exames,
o que é o RED MAY e quem são os uma vitalidade fora do comum e encontrou vi os níveis de diabetes, a pressão arterial, tenho
beneficiários do programa de apoio no RED MAY uma resposta às necessida- sido acompanhado pela enfermeira Ana.”, ga-
de proximidade à população. des que identificou na sua vida. “Inscrevi-me rante. “Gosto de vir aqui. Sou bem recebido e
quando o projeto passou em Esporões, de ajudam-me em qualquer coisa que eu preciso,
onde sou natural, e decidi aderir porque an- não apenas na parte da saúde, são sempre mui-
O ponto de paragem nesta semana é Tadim. dava muito esquecida, por vezes baralhada. to prestáveis”, refere.
Pelas 10h da manhã já se sente a azáfama em Como me disseram que havia o serviço de
duas salas cedidas pela Junta de Freguesia ao
projeto, dividindo-se o espaço para cada va-
lência: o Apoio Social (cujas responsáveis são
as Assistentes Sociais, Neusa Sofia Coelho,
que também é coordenadora do projeto, e a
Assistente Social Fátima Campos), Estimu-
lação Cognitiva (psicóloga Filipa Pereira) e
Enfermagem (enfermeira Ana Lucas). Ade-
lino Esteves, 70 anos, é um dos utentes que
utiliza este serviço há mais tempo e destaca
a forma como está a evoluir com o apoio das
profissionais que o acompanham. “[aponta
para um jogo, que está a fazer] Isto permite-
-me melhorar a função cognitiva, porque eu
tive três AVC que me deixaram bastante limi-
tado e debilitado. Se não estivesse aqui, não
teria mais nada para fazer, provavelmente,
estaria em casa”, explica. O utente, que mora
no Areal, em Braga, segue o projeto em cada
uma das freguesias de Braga por onde passa
e a razão é simples: há uma grande melho-
10 DEZEMBRO · 2023 #SIMatuaREVISTA