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SAÚDE
DIA MUNDIAL DO AVC:
UM ALERTA PARA A LUTA
CONTRA AS DOENÇAS
CEREBROVASCULARES
E m Portugal, o acidente vascular cerebral (AVC) perma- ficar a diferença entre a recuperação e a incapacidade
nece como a principal causa de morte e incapacidade
permanente. Por isso, é também imperativo que toda
em adultos. Contudo, devemos sublinhar uma mensa-
a população reconheça os sinais de um AVC, conheci-
gem de esperança: o AVC é prevenível e tratável. Esta
dos como “os 3F”: “Face” (se ao sorrir há uma assime-
tria da boca), “Força” (se ao tentar levantar os braços
dualidade da doença - o seu potencial devastador,
mas também a promessa de prevenção e recupera-
um deles descai ou não se move) e “Fala” (se não con-
ção - realça a urgência e importância de desenvolver
estratégias que possam minimizar o impacto do AVC
uma destas queixas, é fundamental ligar de imediato
no nosso país.
para o 112. Os avanços no tratamento do AVC, incluin-
do a implementação da “Via Verde do AVC”, trans-
O Dia Mundial do AVC, que se assinala a 29 de ou- segue falar ou o discurso está arrastado). Ao identificar
tubro, não deve ser apenas uma data no calendário, formaram o prognóstico desta doença. No entanto, o
mas uma oportunidade para reflexão e mobilização. sucesso destes tratamentos reduz-se com o tempo,
Estima-se que uma em cada quatro pessoas sofrerá tornando crucial o reconhecimento imediato dos si-
um AVC ao longo da vida. Dados recentes do estudo nais sugestivos de AVC e a ativação dos serviços de
internacional “Global Burden of Disease” indicam que emergência, com pré-notificação e encaminhamento
o número global de mortes por AVC isquémico subiu para o hospital que se encontra mais bem preparado
de 2,04 milhões em 1990 para 3,29 milhões em 2019, para receber cada caso específico.
sendo previsto que este valor cresça para 4,90 milhões Assim, e nesta ocasião, devemos recordar que a bata-
até 2030. No entanto, cerca de 90% destes episódios lha contra as doenças cerebrovasculares não é apenas
poderiam ser evitados com o controlo de fatores de uma questão médica, mas uma questão de saúde pú-
risco vascular, tais como hipertensão, excesso de peso, blica. Por isso, a nossa abordagem deve ser abrangen-
elevação do colesterol, diabetes mellitus, tabagismo te, envolvendo profissionais de saúde, educadores,
e sedentarismo. Deste modo, reconhecer e controlar decisores políticos e, sobretudo, todos os cidadãos.
estes fatores de risco deve ser o primeiro passo para a Juntos, podemos reconfigurar a epidemiologia do
prevenção deste flagelo em termos de saúde pública. AVC e construir um futuro mais saudável.
Entretanto, a par com a prevenção, é crucial lutar tam-
bém pela eficácia do tratamento. Uma resposta rápida
Prof.ª Diana Aguiar de e adequada a um evento vascular cerebral pode signi-
Sousa
Neurologista
Membro da Direção da Sociedade
Portuguesa do AVC (SPAVC)
70 NOVEMBRO · 2023