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ENTREVISTA
que podemos fazer em termos de custo, bene-
fício, aceitação e aproveitamento por parte das
pessoas. Podemos replicar este exemplo em
outros sítios da cidade. É fazer sentir brio nas
pessoas.
Os últimos anos foram férteis no aparecimen-
to de várias nacionalidades. Agrada-lhe esta
atração global?
Temos bem mais de 100 nacionalidades a viver
no concelho. É inevitável o que está a suceder.
Foi o que aconteceu em anos anteriores em Es-
panha, França, Reino Unido. Eu acredito que de-
vemos ter as portas abertas, mas não as devemos
ter escancaradas. Braga tem de aprender a ser
uma cidade grande. Vai crescer. O importante
é crescer bem. Não ser agreste para as pessoas.
Crescer sem hipotecar valores maiores como a
segurança…
Nem mais.
Descreva uma área onde Braga é exemplo para
o país?
Na ‘Saúde’, por exemplo. O Município tem uma
panóplia de programas enorme e de qualidade
à disposição da população. Por exemplo, uma
pessoa com mais de 65 anos, quase que só paga
a comida que coloca na mesa. Temos apoios às
rendas, ao aquecimento, adaptação da casa à
mobilidade, medicamentos, cultura, desporto…
julgo é que temos de trabalhar melhor a forma
como comunicamos. Noto que, muitas vezes, as
pessoas não percecionaram isto. No Desporto,
por exemplo, os apoios multiplicaram mais de
1.000%. Uma coisa excecional. Pagamos todas
as inscrições na formação. Isto tem de ser dito
para as pessoas perceberem para onde vai o di-
nheiro dos seus impostos.
Depreendo que não lhe agrada como a comu-
nicação está a ser feita…
Não é uma questão técnica. É uma questão po-
lítica. A câmara tem pessoas altamente compe-
tentes a trabalhar na comunicação. Por exemplo,
eu às vezes inaugurava uma obra e o Presidente
da Câmara fazia um discurso sobre alterações
climáticas em Bruxelas. No dia seguinte, o desta-
que era o discurso que, embora importante, tal-
vez não fosse o “mais” importante. Este é apenas
um exemplo. Temos de mudar drasticamente a
forma como comunicamos com as pessoas. As
pessoas têm de perceber o que andamos aqui a
fazer.
É da opinião que o político é mal pago?
Nesta senda promete erguer o ‘Coliseu Des- (2014 a 2021). Em 2013, éramos o 18.º concelho Se for comparado com o salário médio das pes-
portivo de Braga’. Como justifica esta aposta mais exportador. Neste momento, somos o 3.º. soas, posso ser mal interpretado. Agora, sob ou-
tendo em conta o que estamos a falar? Voltámos a ser a cidade mais jovem do país. Te- tra perspetiva, dou o exemplo de um gerente de
Temos noção que não temos um grande espaço mos uma taxa de natalidade segura. Criámos um banco que ganha mais do que o Presidente
para receber milhares de pessoas em grandes mais de 3.000 postos de trabalho/ano nos últi- da Câmara que tem, no meu caso, 240 milhões
eventos desportivos, por exemplo. O Forum sa- mos 10 anos. Trabalho qualificado. O rendimen- de euros/ano para gerir. A única regalia que te-
tisfaz algumas necessidades, mas não é suficien- to per capita em Braga aumentou 50% em 12 nho é o telemóvel e, mesmo assim, tenho limites
te. anos. O que falta? É as pessoas sentirem isso no para gastar no aparelho que compro…
seu dia a dia. É terem parques verdes, passeios
Quer fazer de Braga o melhor concelho de arranjados, iluminação… Terminou o discurso de tomada de posse com
Portugal para viver. Que fórmula encontrou? esta frase: “Braga quer melhor e o melhor está
Tem algum exemplo que pode replicar pelo para vir!”. Onde está esse ‘melhor’?
Falo de factos. Por exemplo, a nível do turismo, concelho?
nos últimos anos, Braga teve um aumento expo- É fazer de Braga a melhor cidade para se viver
nencial. A nível de dormidas aumentou 500% Tenho. O exemplo da ‘Rodovia’ espelha bem o em Portugal.
19 NOVEMBRO · 2025 #SIMatuaREVISTA

