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BRAGA                                                                                                                                   BRAGA


               Iniciativa inserida no âmbito da 35.ª edição dos ‘Encontros da Imagem’
               EMIGRAÇÃO PORTUGUESA ‘A SALTO’ RETRATADA

               POR GÉRALD BLONCOURT PATENTE NO MURO

               DO ARQUIVO MUNICIPAL DE BRAGA

               A            emigração portuguesa a salto’ intitula a exposição fo-
               TEXTO: Marta Amaral Caldeira

                            tográfica com imagens de Gérald Bloncourt, fotógra-
                            fo que imortalizou a emigração portuguesa em Fran-
                            ça, arrancou a 35.ª edição dos Encontros da Imagem
                            – Festival Internacional de Fotografia e Artes Visuais.
                            A  mostra,  com  curadoria  do  historiador  da  diáspora
               Daniel Bastos, está patente no muro exterior do  Arquivo Municipal
               (antiga Escola Francisco Sanches), nas ruas de S. Victor/D. Pedro V
               e imortaliza a emigração portuguesa em França. Trata-se de um “sus-
               surro” à memória do nosso passado de emigrantes e um alerta de apoio
               aos imigrantes que hoje Portugal recebe.
               “Esta exposição tem como propósito a valorização e evocação da me-
               mória de Gérald Bloncourt, falecido há cerca de uma década e que eu
               tive o privilégio de conhecer pessoalmente e constatar o seu profundo
               humanismo e que desde muito cedo, nos anos 30 e 40  do séc. XX, se
               radicou em Paris, lançando-se numa carreira muito importante no campo
               do fotojornalismo, usando a fotografia com um arma de denúncia social”,
               destacou Daniel Bastos, na inauguração da mostra, que pode ser aprecia-
               da por todos os transeuntes e automobilistas que passam por ali. “Gérald
               Bloncourt fotografou a chegada dos primeiros imigrantes portugueses na   memórias e saber acolher igualmente quem procura o nosso país em bus-
               França nas décadas de 1960 e 1970, mostrando a vida e as condições de   ca de uma vida melhor e, sobretudo, não esquecer que continuamos a ser
               vida duras desses imigrantes nos bidonville (barracas de latas em grandes   um país de emigrantes”.
               bairros) que abrigaram os primeiros imigrantes em Paris, onde tiveram um   Manuel Santos, presidente da Direção dos Encontros da Imagem, frisou
               papel importantíssimo na reconstrução da França do pós-guerra”.
                                                                       que as migrações são um dos eixos da programação do evento. “Com esta
               Contrariando o discurso “populista” que tem marcado a atualidade em   exposição também recuperamos uma tradição que tinha estado perdida
               Portugal na forma como tem tratado os imigrantes, Daniel Bastos subli-  nos últimos anos dos Encontros da Imagem que é a fazer exposições de
               nha o facto de, hoje, mais do que nunca, “é importante olhar para estas   fotografia histórica”.



               Na Zet Gallery
               ALFREDO CUNHA EXPÕE MUNDO FOTOGRAFADO

               NOS ÚLTIMOS 50 ANOS

               Q            uem visitar a Zet Gallery, em Braga, testemunha, até
               TEXTO: Ricardo Moura

                            dia 26 deste mês, o ponto final de Alfredo Cunha na
                            carreira como fotojornalista. Meio século de instantes
                            lendários captados, a preto e branco, pelo olho clínico
                            deste célebre fotógrafo, natural de Celorico da Beira,
                            que percorreu Mundo com bagagem cheia de memó-
               ria.
               A história a preto e branco. É assim que a vê Alfredo Cunha, um dos mais
               lendários fotógrafos portugueses. Alguns dos mais icónicos trabalhos po-
               dem ser contemplados na zet gallery (Braga) até ao próximo dia 26.
               Nesta exposição, além das icónicas e incontornáveis fotografias do 25 de
               Abril de 1974, contam-se histórias com imagens do processo de descolo-
               nização e guerra civil nas ex-colónias; da pobreza do período pós ditadura
               em Portugal; das guerras do Médio Oriente; da forma como viu o Minho
               que o recebeu, no final dos anos 1990, ou da pandemia de 2020; e, claro,
               dos inúmeros retratos de quem esteve e ficou na história contemporânea
               do nosso país.
               Fotojornalista há mais de 50 anos, Alfredo Cunha sublinha que “esta ex-
               posição é um marco e uma fronteira entre o meu trabalho passado, em   que faço uma retrospetiva da minha carreira, e dá o mote para meu tra-
                                                                       balho futuro”.

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