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SAÚDE
VÍRUS SINCICIAL RESPIRATÓRIO
O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é uma das prin-
cipais causas de infeções respiratórias agudas, so-
bretudo em bebés, crianças pequenas e idosos. Al-
tamente contagioso, é responsável por milhares de
hospitalizações, durante o inverno, e está na origem
de muitos casos de bronquiolite e pneumonia em me-
nores de 2 anos.
A transmissão dá-se por contacto direto com secreções
respiratórias (tosse, espirros) ou por superfícies conta-
minadas. O período de incubação varia entre 2 a 8 dias.
Os sintomas iniciais podem parecer uma constipação,
mas em casos mais graves evoluem para:
• Tosse persistente
• Febre
• Dificuldade respiratória
• “Gatinhos no peito”
• Cansaço ao mamar (em bebés)
Embora geralmente ligeira, a infeção pode tornar-se
grave em bebés prematuros, com doenças cardíacas ou
pulmonares, ou com imunidade comprometida, exigin-
do hospitalização ou cuidados intensivos.
Vantagens da imunização
identificados precocemente para beneficiar das medi-
Até recentemente, não havia vacina eficaz contra o VSR. das preventivas.
Hoje, vacinas inovadoras e anticorpos monoclonais de
longa duração oferecem proteção relevante:
5. Vacinação em adultos
Redução de hospitalizações: Menos casos graves,
principalmente em bebés e idosos. Recomenda-se vacinação contra o VSR para:
Proteção dos mais vulneráveis: Prematuros e crianças • Todos os ≥ 60 anos
com doenças crónicas beneficiam significativamente. • Adultos ≥ 50 anos com condições como:
Alívio do SNS: Reduz a pressão sobre urgências e inter- • DPOC, asma
namentos no inverno.
Dr. Arnaldo Pires Proteção indireta: Menor circulação do vírus ajuda a • Insuficiência cardíaca ou renal
Consultor de Medicina Interna proteger também os não vacinados. • Diabetes, imunodepressão, demência
Competência em gestão de serviços
de saúde Recomendações em Portugal • Residentes em lares
Hospital Privado Braga - Trofa sul
CNS Campus Neurológico - Braga A Direção-Geral da Saúde (DGS), em conjunto com so- Impacto em Portugal
ciedades científicas, atualizou as estratégias de preven-
ção com base nas novas ferramentas disponíveis. As novas normas da DGS e a aceitação por parte das
famílias tiveram grande impacto. Dados hospitalares
1. Imunização com anticorpos monoclonais confirmam:
Desde 2023, o nirsevimab é administrado antes do in- • Hospital de Santa Maria: internamentos em cuidados
verno, oferecendo proteção por vários meses com uma intensivos por VSR caíram de 40 para apenas 5 bebés.
única dose, em bebés.
• Hospital Dona Estefânia: internamentos em menores
2. Vacinação de grávidas de 6 meses baixaram de 70% para 45% do total.
A vacina administrada entre as 24 e 36 semanas de ges- • Redução global de 85% nos internamentos em bebés
tação transfere anticorpos protetores ao bebé, prote- até 3 meses e de 40% entre os 3 e 6 meses, segundo Ana
gendo-o nos primeiros meses de vida. Povo, diretora da DGS.
3. Medidas gerais de prevenção Finalizando
• Evitar contacto de bebés com pessoas doentes O VSR continua a ser um desafio, sobretudo nos meses
• Lavar frequentemente as mãos frios. Mas com a vacinação e novas formas de prevenção,
• Evitar espaços fechados e sobrelotados Portugal está melhor preparado. A inclusão de vacinas e
• Praticar etiqueta respiratória
anticorpos monoclonais nos programas de saúde infan-
4. Acompanhamento dos grupos de risco til é um avanço importante para reduzir complicações,
hospitalizações e mortes.
Prematuros e crianças com doenças crónicas devem ser
Fale com o seu médico. Proteja-se a si e aos seus.
32 AGOSTO · 2025 #SIMatuaREVISTA