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SAÚDE SAÚDE
FÉRIAS, STRESS E BURNOUT:
O QUE A CIÊNCIA NOS DIZ SOBRE
O REGRESSO AO TRABALHO
Há medida que aumentamos a exposição a riscos psicossociais decorrentes da atividade laboral e
como tal ao stress que dela decorre, comummente ouvimos a frase “Preciso de umas férias!”.
que a existência de pausas intermitentes A adoção de medidas de autocuidado é identicamen-
(isto é, ao longo do ano), uma duração te importante. Estas medidas englobam as dimensões
mais longa (mas não necessariamente emocional (como, por exemplo, a Psicoterapia), física
demasiado prolongada), a desconexão (como a atividade física, técnicas de relaxamento e
completa, a prática de atividade física uma higiene de sono adequada), espiritual (caso se
equilibrada e experiências recreativas adeque), social (ativação das redes de suporte familiar
significativas e relaxantes são variáveis e social), prática (organização e planeamento) e men-
maximizantes dos seus benefícios. tal (estimulação da cognição e desconexão do digital).
Sendo que passamos uma grande parte das horas
Alguns dos estudos relevantes na área da psicolo- diárias em atividade laboral, o envolvimento em
gia aplicada mencionam que, em média, uma se- ocupações que promovam uma projeção além
mana após o retorno ao contexto laboral, os bene- trabalho é essencial. Assim sendo, dedicarmo-nos
fícios da recuperação tendem a diminuir de modo a hobbies que comportem propósito e significa-
significativo.
do à vida é uma forma preponderante de nutrir o
Redigido por: No entanto, podemos adotar um conjunto de com- nosso bem-estar. Recorrer à ajuda de profissionais
Dr. João Peixoto (OPP26752) portamentos e medidas, talvez distintos daqueles a devidamente credenciados é um fator crucial para
Psicólogo Clínico e da Saúde no Trofa Saúde Braga Centro, Braga
Norte e Senhor do Bonfim que estamos acostumados, de modo a potenciar a um regresso ao trabalho mais saudável, visto que
duração dos efeitos positivos das férias. ter suporte estruturado e cientificamente validado
para a reintegração, pode ajudar a gerir a ansiedade
O regresso de modo faseado, como por exemplo, do retorno, reorganizar prioridades, promover uma
retomar a meio ou no final da semana, facilita uma transição pós-férias equilibrada, transformando-a
A evidência demonstra que, tendencial- reintrodução gradual, impedindo uma exposição numa oportunidade de desenvolvimento.
mente, se trabalham cada vez mais ho- abrupta ao stress laboral.
ras e que existe, progressivamente, mais Igualmente, a identificação dos riscos psicossociais CUIDAR DA MENTE, NO CORAÇÃO DE
exigência a nível profissional, o que na- específicos da atividade de trabalho é fundamental. BRAGA COM A NOSSA EQUIPA
DE PSICOLOGIA:
turalmente nos predispõe ao desenvolvi- Os referidos fatores de risco agrupam-se em conteú-
mento de patologias físicas e/ou mentais, do, sobrecarga, ritmo e horário, autonomia, condições
como por exemplo, doenças cardiovas- materiais e ambientais, cultura organizacional e fun-
culares, perturbações depressivas ou até ção, relações interpessoais laborais, desenvolvimento
a Síndrome de Burnout, caso não exista profissional, conciliação de atividades profissionais e
uma recuperação adequada. Contraria- não profissionais e estabilidade contratual e compen-
mente ao que indicavam estudos anterio- sação. Após a identificação destas variáveis podem
res, as interrupções da atividade laboral, definir-se medidas e mudanças comportamentais
vulgo férias, têm um impacto determi- que atenuem ou eliminem os riscos específicos a que
nante e duradouro no bem-estar, sendo estamos sujeitos.
30 AGOSTO · 2025 #SIMatuaREVISTA