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ESPECIAL ENSINO
Conferência realizada na Biblioteca Pública de Braga
“NÃO EXISTE UMA EDIÇÃO COMPLETA
E ANOTADA DA OBRA DE CAMÕES”
J osé Augusto Cardoso Bernardes – um dos maiores Professor José Augusto Cardoso Bernardes:
TEXTO: Marta Amaral Caldeira
“A minha grande preocupação é com o ensino de Camões”
especialistas e investigadores nacionais da obra de
Camões e que assume a Comissão para as Cele-
A forma como, hoje, se ensina Camões e a sua obra épica e lírica na
brações dos 500 Anos do Nascimento de Camões,
chama a atenção para a necessidade de uma edi-
Bernardes, professor catedrático da Faculdade de Letras da Univer-
ção completa e anota da obra camoniana para o grande público. escola é uma das grandes preocupações de José Augusto Cardoso
sidade de Coimbra, que além de comissário para as Celebrações dos
“Estamos a assinalar os 500 anos do Nascimento de Camões e não existe 500 Anos do Nascimento de Camões, é um dos maiores investigado-
uma edição completa e anotada da obra de Camões dirigida ao grande res e especialistas da obra camoniana no país. A questão foi levantada
público”. Esta foi uma das preocupações deixadas por José Augusto Car- na conferência ‘Ensinar Camões: inquietações e alegrias’ realizada na
doso Bernardes, professor catedrático da Faculdade de Letras da Univer- Biblioteca Pública de Braga: “a minha grande preocupação é o ensino
sidade de Coimbra e comissário para as Celebrações dos 500 Anos do porque é na escola que os portugueses se encontram com Camões e é
Nascimento de Camões, na conferência ‘Ensinar Camões: inquietações e aí que a semente frutifica ou não frutifica”.
alegrias’ realizada, recentemente, na Biblioteca Pública de Braga (BPB).
Frisando que Camões faz parte dos programas escolares desde sem-
“Existem algumas edições que são dirigidas a professores e que são pre- pre, o professor catedrático afirmou não conhecer absolutamente nin-
ciosas, mas se uma pessoa de cultura média se dirigir a uma livraria e pedir guém que saiba “ensinar bem Camões”. Notando que a obra camonia-
edição como a editora Castalia faz dos Clássicos de Espanha ou a editora na fez sempre parte dos programas escolares, o professor catedrático
Bompiani faz dos Clássicos de Itália, surpreendam-se, mas não há”, frisou indicou que, na atualidade, a obra de Camões começa a ser estudada,
o responsável, apontando para esta que considera ser uma grande “lacu- apenas, a partir do 9.º ano de escolaridade, transitando a epopeia Os
na” e garantindo que é “difícil, mas possível” realizar uma edição “rigorosa Lusíadas para o 10.º ano, prosseguindo-se depois com a vertente lírica
e acessível” para o grande público. camoniana.
92 MAIO · 2025 #SIMatuaREVISTA