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ENTREVISTA



                                                                                         Póvoa de Lanhoso vai ter. Com isto, dizer ainda que
                                                                                         tivemos de fazer uma ligeira adaptação ao traçado
                                                                                         no que concerne aos materiais que vão ser utiliza-
                                                                                         dos. Fomos evoluindo na interação com os vários
                                                                                         intervenientes, nomeadamente com a APA (Agên-
                                                                                         cia Portuguesa do Ambiente) com quem fizemos
                                                                                         várias reuniões de trabalho no sentido de sermos
                                                                                         ajudados a adaptar o projeto de forma que, quan-
                                                                                         do for submetido à avaliação de impacto ambien-
                                                                                         tal, o resultado seja visto com bons olhos.
                                                                                          Na sua cabeça quando arrancam as obras da
                                                                                         “Via Circular Urbana”?

                                                                                          Se nós conseguirmos o acordo da APA até ao
                                                                                         Verão deste ano, e com esse acordo e com o traça-
                                                                                         do final consensualizado de modo a ser submetido
                                                                                         à IP e esta nos aprovar o projeto até final do ano,
                                                                                         nós passamos a estar exclusivamente nas mãos
                                                                                         do senhor Ministro das Infraestruturas e do se-
                                                                                         nhor Ministro das Finanças. O senhor Ministro das
                                                                                         Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, assegurou-me
                                                                                         que, mal esteja o projeto aprovado, faria o neces-
                                                                                         sário junto do seu colega das Finanças para que a
                                                                                         obra fosse contemplada no Orçamento de Estado.
                                                                                         O cronograma existe e está a ser seguido à risca. O
                                                                                         ‘trabalho de casa’ está totalmente feito.
                                                                                          Com a incerteza que reina na política nacional,
                                                                                         não equaciona que esta obra não seja feita?
                                                     Por contraste, nasceu na Póvoa de Lanhoso   Tem de ser feita! Não admito outro cenário.
                                                    um extraordinário exemplo de inclusão social
                                                    com o arranque, em 2023, da ‘Rádio União – A   Como tem gerido a descentralização de com-
                                                    Nossa Voz’.                          petências da Administração Central?

                                                     Ainda bem que lembrou esse exemplo. A Asso-  A descentralização de competências da Admi-
               Fizemos mais de 250                  ciação de Apoio aos Deficientes Visuais do Distrito   nistração Central tem dois vetores: um positivo,
               intervenções em todas as             de Braga (AADVDB) tinha, há muitos anos, o sonho   outro negativo. Aquilo que tem de positivo é apro-
                                                                                         ximar do dia a dia das pessoas, algumas soluções.
               freguesias do concelho.              da rádio. Ela aí está a funcionar, com o nosso impor-  Podemos falar das escolas, por exemplo. O facto
                                                    tante contributo. É um espaço importante que tem
               Em todos os anos,                    no Domingos Silva a força que merece ter este pro-  de termos assumido a propriedade de todos os
                                                                                         equipamentos escolares do concelho faz com que
               investimos! No passado               jeto que engrandece não só a Póvoa de Lanhoso   a resolução de pequenas coisas seja mais exequí-
               não era assim por opção e            como todo o distrito.                vel. Melhora as condições da comunidade escolar.
               não por falta de meios.               Póvoa de Lanhoso já é um concelho com “hora   Todavia, sobrecarrega os municípios. A sensação
                                                    de ponta”. A “Via Circular Urbana” é a solução   que tenho é que a determinado momento não se
                                                    que quer implementar para resolver os proble-  acautelou suficientemente a posição dos municí-
                                                    mas de acesso à sede do município?   pios. O problema é que, desde que é identificado
                                                                                         algum défice até ao momento que esse défice é
                 Relate-me um exemplo onde encontrou   A “Via Circular Urbana” é a nossa prioridade em   corrigido, quem está a assumir os custos são os
               injustiça                            termos de objetivo autárquico. A Póvoa de Lanho-  municípios. Isto dá mais ‘dores de cabeça’ porque
                                                    so discute, há décadas, a necessidade de criar uma   é mais uma grande responsabilidade que se junta a
                 Por exemplo, em matéria de transportes escola-  via circular que confira outra fluidez ao trânsito que   outras que já tínhamos.
               res onde os protocolos que estavam estabelecidos   existe no casco urbano e que o desvie desse mes-
               com as Juntas de Freguesia não tinham critério   mo casco urbano, nomeadamente do trânsito que   Um dos maiores flagelos é a desertificação.
               nenhum. Havia freguesias que recebiam 500 eu-  vem do Vale do Ave. Este assunto, durante déca-  Ficar nestes territórios é sinónimo de ter em-
               ros/mês, outras 150 euros/mês…porque sim! Nin-  das, aparecia e desaparecia. Nós assumimos, em   prego. O que tem feito para atrair e estancar
               guém percebia porquê…ou se calhar percebíamos   2021, o compromisso de conseguir executar a via   este problema?
               porque havia ali alguns denominadores comuns.   circular. A primeira vez que se trabalhou a sério foi   Há várias formas de tentar fomentar a fixação
               Acabámos com isso tudo! Definimos critérios ob-  neste mandato. Tenho duas formas de prova: a pri-  das famílias. Temos aplicado algumas medidas de
               jetivos, são ‘cegos’, sem cores partidárias. Depois   meira foi termos recebido na Póvoa de Lanhoso a   apoio social. Reforçámos o programa ‘NaturaLa-
               de aplicados, passam a ser justos. Normalizamos   vice-presidente da IP (Infraestruturas de Portugal)   nhoso’. Foram mais de 50 mil euros para apoiar 75
               o  processo  de decisão,  sem  lógicas arbitrárias  e   que assinou connosco um acordo de gestão em   famílias. A ideia é incentivar a natalidade, enquan-
               com uma relação de cooperação total com todas   relação à execução do projeto; a segunda, acon-  to contribui para o desenvolvimento da economia
               as instituições do concelho. Temos uma excelen-  teceu no ano passado, quando a IP confirma a in-  local.  Temos,  também,  atribuição  de  ‘Bolsas  de
               te relação com todas as Instituições Particulares   tegração do valor de 18 milhões de euros no Plano   Estudo’, onde fizemos uma correção do regula-
               de Solidariedade Social (IPSS), com  os  grupos   de Atividades e Orçamento. Isto nunca aconteceu.   mento que eliminou o limite de idade (era de 35
               desportivos do concelho e com as instituições de   É uma verba que corresponde a 85% do valor total   anos). Hoje todas as famílias, e qualquer membro
               referência como a Santa Casa da Misericórdia e os   do investimento. O restante é assumido pelo mu-  do agregado familiar, podem solicitar a candida-
               Bombeiros. Acontece porque temos fomentado   nicípio.  Não  é  um processo  elementar.  Estamos   tura a uma ‘Bolsa de Estudo’. No limite, podem ter
               essa relação de proximidade.         só a falar da infraestrutura mais importante que a   todos apoio.

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