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EM FOCO


               HISTÓRIA GLOBAL DA LITERATURA


               PORTUGUESA PROPÕE UMA NOVA VIAGEM


               POR SETE IDADES LITERÁRIAS
               A            Livraria  Centésima  Página  serviu  de  cenário  para  a


                            apresentação da História Global da Literatura Portu-
                            guesa,  no  âmbito  da  programação  do  Festival  Lite-
                            rário  Utopia,  realizado,  recentemente,  na  cidade  de
                            Braga. A obra, que acaba de ser lançada pela ‘Temas
               e  Debates’,  tem  a  direção  de  Annabela  Rita,  Isabel  Ponce  de  Leão,
               José Eduardo Franco e Miguel Real e com a coordenação de Carlos F.
               Clamote Carreto, Isabel Morujão, Micaela Ramon, Maria Luísa Malato,
               Luísa Paolinelli, Dionísio Vila Maior e Maria do Carmo Cardoso Reis e
               constitui uma releitura da Literatura Portuguesa em contexto interna-
               cional.
               Atravessando as fronteiras do espaço e do tempo, a nova História Glo-
               bal da Literatura Portuguesa propõe uma viagem pelas Sete Idades da
               Literatura Portuguesa, designadamente, Idade Média, Renascimento,
               Maneirismo e Barroco, Iluminismo, Romantismo e Realismo, Idade dos
               ‘Ismos’ e Democracia.
               Os coordenadores das ‘Sete Idades’, responsáveis pelos textos intro-
               dutórios de cada uma delas e, em alguns casos, por verbetes, perten-
               cem às Universidades Aberta, Nova de Lisboa, do Minho, do Porto e
               da Madeira.
               A última Idade  da  Democracia,  intitulada  ‘Primavera  Fulgurante’,  é
               coordenada  por  Maria  do  Carmo Cardoso  Mendes,  professora  de
               Letras, Artes e Ciências Humanas e investigadora do Centro de Es-
               tudos Humanísticos da UMinho, e é também a mais extensa da obra,
               realizando uma panorâmica sobre as várias temáticas e motivos lite-
               rários  que  mais  têm  inspirado  os  escritores  contemporâneos  como,
               por exemplo, o ‘Literaturismo’ ou a ‘Literatura Verde: A Ecocrítica num
               planeta agónico’.
               Relativamente à sétima idade, o capítulo centra-se em cerca de 50
               anos de produção literária portuguesa. A professora de Literatura da
               UMinho, Maria do Carmo Cardoso Mendes, que coordena a sétima
               idade, esclarece que a obra dá luz a “uma literatura que, de 1974 para
               cá, se mostra dialogante com outras literaturas, com outras formas de
               arte e com outros saberes”.
               “Para além de se dedicar a escritores consagrados, cuja produção lite-
               rária se tem vindo a afirmar nos anos após a implantação da democra-
               cia, procura trazer um novo olhar para escritores que integram o câ-
               none literário português - Sophia de Mello Breyner e José Saramago.   A História Global da Literatura Portuguesa não tem um escopo “tota-
               Motivos que só se tornaram possíveis em ampla difusão são também   lizante, mas possibilitante”, como é afirmado pelos diretores na parte
               objeto de diversos verbetes, o mesmo ocorrendo com as relações en-  introdutória da obra. Objetivamente, o livro procura realizar uma con-
               tre literatura portuguesa e literaturas de expressão portuguesa”, subli-  vergência de saberes, convocando múltiplas áreas disciplinares com
               nha a docente da UMinho.                                as quais a literatura dialoga. Trata-se de abordagem cronológica, que,
                                                                       para além de diálogos inter e transdisciplinares, estabelece, também,
               Numa idade consagrada à literatura portuguesa contemporânea, as-  relações entre escritores portugueses e autores de outras geografias,
               sumem  relevo  os  verbetes consagrados à tecno-arte-poesia e a um   assim  como  com outras  manifestações  artísticas  (pintura,  escultura,
               “difícil  namoro”  entre  Antropoceno  e Literatura  Portuguesa.  “Numa   música, arquitetura, cinema).
               literatura  que  se  pretende  alinhada  com  a  agenda  de  inquietações
               prementes do nosso tempo, o último verbete, consagrado a uma das   A História Global da Literatura Portuguesa resulta, assim, num projeto
               problemáticas das ecocrítica, analisa o modo como a literatura portu-  que supera dimensões estritamente literárias e nacionais.
               guesa reflete sobre questões ambientais e se mostra hoje interessada   Marta Amaral Caldeira
               em estabelecer pontes com outras literaturas onde o motivo vem sen-
               do tratado há várias décadas”.




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