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ENTREVISTA
Ou seja, com os resultados apresentados e os O início da construção da ETAR do Este é pri- tes domésticos e para as instituições e empre-
projetos executados, que já referiu, não faz mordial. A cidade e o concelho tiveram um cres- sas, sejam elas hospitais ou universidades, por
sentido fazer esse investimento na compra cimento bastante grande nos últimos anos. Aliás, exemplo. Estamos a finalizar os testes-piloto
da parte privada da AGERE? pelos CENSOS, foi das únicas a subir acima que começámos em 2019, nessa altura com os
dos dois dígitos em termos de população, mas restaurantes e hotelaria, e os que iniciámos em
Temos de perceber que, para alguém comprar, também registámos crescimento no turismo e fevereiro deste ano, com os clientes domésticos.
alguém tem de vender – e querer vender. E se na área económica, com a instalação de mais Agora, está na hora de generalizar este serviço a
quiser vender tem de se chegar a um preço, que empresas, o que cria ‘pressão’ em todas as áreas todo o concelho.
não ficou definido na altura da privatização dos em que intervimos diretamente. Os desafios são
49% da empresa. E mais: a remunicipalização da constantes, não só no que diz respeito à manu- É um projeto de grande envergadura.
AGERE nunca esteve no programa eleitoral do tenção dos resultados que já falámos, como,
Juntos por Braga. Poderá ser uma intenção para simultaneamente, responder a este cenário eco- O futuro será de obrigatoriedade de separar
apresentar em programas eleitorais futuros, mas, nómico, turístico e habitacional. Devemos ter cada vez mais tipos de resíduos. Primeiro, com o
pelo menos da parte deste executivo, a priorida- uma visão de médio e longo prazo daquilo que papel, plástico, metal ou as pilhas; agora, temos
de sempre foi eliminar esse ‘cancro’ sorvedor de queremos. A nova ETAR dará uma resposta ade- os biorresíduos e chegará o tempo, por exemplo,
dinheiro chamado SGEB - Sociedade Gestora quada à pressão que resulta do crescimento da dos têxteis…
de Equipamentos de Braga. Depois de termi- cidade. Entre os desafios para o futuro, destaco Quando se fala em “obrigatoriedade”, é
nado esse processo, veremos que caminho a a questão da descarbonização, que também já quase um contrato unilateral, porque não é
seguir. O que posso dizer, como Presidente do abordei. Todos os novos investimentos que fizer- obrigatório por lei reciclar. É uma questão de
Conselho de Administração da AGERE, é que os mos devem ter um impacto positivo em todas as cidadania e consciência de cada um.
49% que são propriedade privada nunca foram vertentes da sustentabilidade. Só assim pode-
impeditivos de concretizar as políticas públicas a remos ter uma empresa voltada para o futuro. Sim, é verdade. A AGERE é obrigada a ter um
que nos propusemos. Por exemplo, na nova ETAR teremos um sistema sistema em que potencie a separação dos resí-
duos, cabe a cada um fazer a sua parte. No
Referiu que os indicadores são quase todos inovador que nos permitirá tratar e valorizar as projeto dos biorresíduos, que estamos a imple-
muito positivos e merecem notícias de des- lamas resultantes do tratamento das águas resi- mentar, está prevista a isenção da taxa de gestão
taque, sendo a AGERE novamente distin- duais, que serão usadas na geração de energia, de resíduos, o que se vai refletir na tarifa que
guida como “Empresa Municipal Portugue- além do que já fazemos em termos de valoriza- cada um paga. Ou seja, quem fizer a separação
sa com melhor resultado económico”, num ção do composto. Outro dos projetos importan- corretamente, terá mais benefício que quem não
universo de quase 150 empresas municipais. tes para os próximos anos tem a ver com a gene- fizer. Não é uma obrigatoriedade, mas há um
Neste momento, o que acha que ainda pode ralização da recolha seletiva de biorresíduos, incentivo.
ser melhorado? que vai passar a ser obrigatória para os clien-
16 ABRIL · 2024 #SIMatuaREVISTA