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BRAGA
Obra celebra a passagem dos 150 anos da chegada do comboio a Braga
JOAQUIM DA SILVA GOMES LANÇA 3.ª EDIÇÃO DA OBRA
‘BRAGA E OS CAMINHOS DE FERRO’ EM HOMENAGEM AO PAI
TEXTO: Marta Amaral Caldeira
B raga e os Caminhos de Ferro’ é a mais recente obra da au-
toria de Joaquim da Silva Gomes, professor e escritor, lan-
çada, em junho último, numa 3.ª edição a fim de comemo-
rar os 150 anos da chegada do comboio a Braga. Tal como
as anteriores, também esta é uma edição “muito especial”
pela “celebração dos 150 anos da chegada do comboio a
Braga”, mas também porque é com ela que o autor presta homenagem
ao pai, recentemente falecido e antigo ferroviário.
“O que mais motivou a escrita desta obra foi o gosto pelos caminhos de fer-
ro, que advém do meu pai, Mário da Silva Gomes”, explicou à Revista SIM,
Joaquim da Silva Gomes, frisando que o pai teve duas paixões na vida: a
família e, depois, os comboios. “O meu pai foi ferroviário durante 40 anos
no Alentejo e depois nas estações de Campanhã, de Braga e de Nine. As
viagens daqui ao Alentejo, há 40 anos, demoravam quase um dia! Mas em
40 anos de trabalho nunca faltou um dia ao serviço”, elogia.
“Nos tempos livres, dedicava-se a arranjar os jardins das estações: a esta-
ção de Braga e a estação de Nine receberam muitos prémios nacionais. Os
diplomas que recebia, o meu pai não os queria, entregava-os às estações
ferroviárias. Era um ferroviário dedicado, sem dúvida”, confessa o autor. “A
partir dos meus dez anos passei a frequentar quase diariamente o ramal de A grande área metropolitana de Braga por ferrovia ficou por concretizar
Braga, conheço por isso muito bem estas paragens e até chegava a contar Joaquim da Silva Gomes diz que os projetos que estavam previstos acaba-
as travessas em madeira que davam suporte aos carris! O típico cheiro das ram por não se realizar, impedindo que Braga se tornasse numa das áreas
linhas de caminhos de ferro é-me familiar”.
metropolitanas mais importantes da Península Ibérica. Entre os projetos
Joaquim da Silva Gomes, especialista em investigação histórica, indica que constava 1.º O caminho de ferro do Vale do Cávado que deveria seguir ao
“há 150 anos, a cidade de Braga apresentava um caráter marcadamente longo deste vale, desde Esposende a Vila Real, o 2.º O caminho do Vale do
rural. Era habitual ver pelas ruas da cidade carros de bois, burros e cavalos Ave, que deveria começar na foz do rio, em Vila do Conde e seguir pela li-
a carregarem mercadorias essenciais como batatas, milho, vinho e lenha”. nha do Bougado até Celorico de Basto e, ainda, o 3.º, cuja linha começaria
O certo é que a chegada do comboio a Braga “foi de tal relevância que as em Vizela, na linha do Vale do Ave até à linha do Vale do Cávado – podendo
repartições públicas da cidade receberam autorização para encerrar ao esta ser prolongada para sul até ao Douro e para norte até Valença.
público, permitindo que todos pudessem presenciar tão notável aconteci- Num dos projetos seria construída uma estação em Briteiros, ao quilómetro
mento”, tendo, inclusive, sido o rei D. Luís, que a 20 de maio 1875 presidiu à 12,78, com vista a ligar Braga a Guimarães – algo de que muito se fala hoje
cerimónia inaugurativa do ramal de Braga. Após a chegada do comboio a como uma necessidade. Considerando a ferrovia como “a maior obra do
Braga, os transportes existentes na cidade e na região tiveram de ser altera- Estado” no século XIX, Joaquim da Silva Gomes está já a preparar os 150
dos e adaptados aos novos tempos de modernidade.
anos da chegada do comboio a Barcelos, que ocorreu precisamente a 21
de outubro de 1877.
28 SETEMBRO · 2025 #SIMatuaREVISTA

