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EM FOCO...
“CAMÕES É O AUTOR MAIOR DA NOSSA LÍNGUA
E DA NOSSA CULTURA LITERÁRIA”
TEXTO: Marta Amaral Caldeira
C elebrar Camões é mais do que evocar o passado. – Braga, responsável pela coordenação da reedição que está a ser feita
É, sobretudo, reconhecer a força de uma obra que
da obra de Camilo Castelo Branco, entre outras figuras, para além de
continua a interpelar-nos, que nos desafia enquan-
algumas dezenas de professores.
to leitores e enquanto cidadãos de uma língua com
história”, assinalou Márcia Oliveira, diretora da Bi-
sores que fizeram questão de marcar presença no evento para ouvir o
blioteca Pública de Braga, na abertura da conferência ‘Ensinar Ca- A iniciativa foi aberta ao público em geral e foram muitos os profes-
mões: inquietações e alegrias’ que teve como palco a BPB. prof. José Augusto Bernardes – um dos maiores especialistas e inves-
tigadores da obra camoniana e acreditada pelo Centro de Formação
Esta conferência especialmente dedicada a Camões e tendo como do alto Cávado para professores do Ensino Básico e do Ensino Secun-
palestrante um dos maiores conhecedores da sua obra é “uma oportu- dário.
nidade para pensarmos a obra camoniana, não como um símbolo está-
tico do passado, mas como um território vivo – que interpela, inspira e À margem do evento, Aida Alves, diretora da Biblioteca Lúcio Craveiro
resiste ao tempo”, assinalou a responsável pela BPB. da Silva, sublinhou que “é importante a resiliente divulgação de auto-
res locais, de novos escritores, sem nunca esquecer os autores clás-
Considerando a palestra dedicada a Camões como parte da “missão”
da BPB, como de outra qualquer biblioteca pública, Márcia Oliveira sicos, como são os casos de Camões (500 anos) ou de Camilo (200
defende que uma biblioteca é, acima de tudo, “um espaço de acesso anos), os quais entre 2024 e 2025 comemoram os seus centenários”.
livre ao saber, de valorização da memória cultural e de encontro entre A propósito de captação de novos leitores, Aida Alves referiu que “livros
a tradição e a contemporaneidade”. adaptados de autores clássicos tal como Camões para obras infantis e
“As bibliotecas não são apenas guardiãs de livros. São lugares de co- juvenis, em novos discursos textuais ou de ilustração, com adaptações
munidade, de descoberta e de pensamento partilhado. Lugares onde e olhares mais contemporâneos, são leituras diferenciadoras e ativa-
o conhecimento se torna experiência viva e vivida”, referiu a respon- doras de pensamento criativo”, isto porque “há aspetos linguísticos
sável, assinalando o importante trabalho que as bibliotecas realizam. que são de atender quando viajamos do século XVI para o século XXI”.
Na iniciativa estiveram presentes várias individualidades, entre as A conferência contou, ainda, com a Companhia de Teatro de Braga e
quais a vereadora da Educação da Câmara Municipal de Braga, Carla do projeto BragaCult – cuja Comunidade de Leitura de Textos Teatrais
Sepúlveda, Ainda Alves, diretora da Biblioteca Lúcio Craveiro da Sil- – teve a seu cargo a leitura pública de excertos do ‘Auto de Enfatriões’
va, Cândido Martins, professor da Universidade Católica Portuguesa de Luís Vaz de Camões.
18 MAIO · 2025 #SIMatuaREVISTA