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ATUALIDADE


               Cultura e Liberdade em Diálogo na Capital Portuguesa da Cultura

               EXPOSIÇÃO COMEMORA OS 50 ANOS

               DA REVOLUÇÃO DE ABRIL EM BRAGA



               TEXTO: Patrícia Sousa
              H           á memórias que não se guardam em álbuns ou gavetas - vi-  Braga - onde obras históricas convivem com criações inéditas e uma riquíssima
               FOTO: Alfredo Cunha

                                                                       seleção de documentos: filmes, fotografias de arquivo, cartazes, livros e outros
                          vem em nós, nos gestos, nas palavras soltas, nas ruas que um
                          dia gritaram liberdade. Cinquenta anos depois, a Revolução
                                                                       materiais gráficos. Tudo isto em diálogo constante com o contexto político, so-
                          dos Cravos volta a florescer, não só como símbolo, mas como
                                                                       cial e cultural português e europeu, do final dos anos 60 até aos dias de hoje.
                          convite:  e se  celebrássemos Abril não como  passado,  mas
                          como presente em construção? É com este espírito que nasce
                                                                       tocarro que transporta os visitantes numa viagem simbólica e sensorial pela
               “Somos Todos Capitães - 50 Anos em Liberdade”, um projeto expositivo de   A inauguração, marcada para sábado, 26 de abril, propõe um circuito de au-
               arte contemporânea que transforma a cidade de Braga num palco para a me-  cidade e pela história. A partida está agendada para as 14h45, no centro de
               mória, o pensamento e a criação.                        Braga, com a abertura oficial no RC6  às 15h00. Um momento especial, já que
                                                                       é a primeira vez que o RC6 recebe um projeto artístico desta natureza, tendo o
               Sob a curadoria de Paulo Mendes, esta exposição é a primeira que é feita em   Exército cedido um hangar para acolher a exposição.
               Portugal sobre o 25 de abril com este ponto de vista da arte contemporânea. A
               exposição, que inclui peças de algumas das principais instituições de arte por-  Segue-se  uma performance da artista Rita GT. Depois, o percurso continua
               tuguesa, mergulha no coração da Revolução de 25 de Abril de 1974, momento   para o Forum Braga e, mais tarde, para o Museu Nogueira da Silva, com novas
               histórico que assinalou o fim de quase meio século de ditadura em Portugal   aberturas, uma performance de Hugo de Almeida Pinho e um concerto que
               e a entrada num novo tempo democrático e europeu. Mais do que assinalar   encerra o programa inaugural às 19h30.
               uma data, esta mostra pretende provocar reflexão, emocionar e despertar
               consciências - através da arte, da performance e do reencontro com a história.  Mas a revolução não se faz num só dia. O programa paralelo prolonga-se até
                                                                       junho, com sessões de debate, lançamento de publicações e novas perfor-
               “Somos Todos Capitães” integra o programa Braga 25 – Capital Portuguesa da   mances. No dia 17 de maio, o Museu Nogueira da Silva acolhe uma conversa
               Cultura, e é, acima de tudo, um convite: olhar Abril com olhos de hoje. Porque   intitulada “Sessões de Esclarecimento: Conversas para revolucionar o pensa-
               a liberdade nunca se dá por terminada. Porque a arte tem o poder de nos lem-  mento” sobre democracia, guerra colonial e arte contemporânea. Já no dia 7
               brar que cada um de nós pode - e deve - ser capitão do seu próprio destino.
                                                                       de junho, será lançado o mais recente número da revista UMBIGO, seguido
               O percurso expositivo espalha-se por três espaços emblemáticos da cidade -   de debate. E a 28 de junho, a arte performativa volta a ocupar o centro da ex-
               o Regimento de Cavalaria n.º 6 (RC6), o Museu Nogueira da Silva e o Forum   periência.














































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