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CULTURA
MUSEU MUNICIPAL DE ESPOSENDE
APRESENTA EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA
“URDIR O JUNCO”
A firmando, uma vez mais, o seu propósito de salvaguar-
da do património concelhio, o Município de Esposende
procedeu à abertura, no Museu Municipal, da exposição
fotográfica “Urdir o Junco”, que retrata o labor artesanal
das esteireiras de junco de Forjães e que fica patente até
31 de Julho.
Uma mostra de “cores e texturas”, como referiu o autor das fotografias, o
conceituado fotógrafo Juan Pablo Moreiras, cujo trabalho tem ilustra-
do numerosas exposições e publicações, nomeadamente do Património
Mundial da UNESCO, bem como reportagens em prestigiadas revistas
internacionais como Time, National Geographic, BBC Wildlife, Sunday
Times, The Daily Telegraph, Sydney Morning Herald, L’Internazionale, Tra-
veller, Diversity, Der Spiegel, Berliner Zeitung, Paris Match, Marie-Claire, La
Vanguardia Magazine, El Mundo Magazine, entre outras.
“Adorei, obrigado” foi desta forma que iniciou a sua intervenção, agrade-
cendo à Câmara Municipal o convite que, decorridos trinta anos após o pri-
meiro trabalho profissional, o deixou encantado pela oportunidade de po- nicípio a levar posteriormente a exposição ao Instituto Politécnico do Porto
der tomar conhecimento da arte do junco e registar o trabalho das artesãs, e a realizar um debate sobre o tema da arte do junco. Olívia Marques da Sil-
cumprindo, assim o propósito de um bom fotógrafo: “entender, compreen- va lançou, ainda, o desafio ao Presidente da Câmara Municipal, Benjamim
der e mostrar”. Assumindo que este foi “um trabalho terapêutico” que lhe Pereira, para Esposende acolher residências artísticas nas vertentes do au-
deu bastante gozo fazer, Juan Pablo Moreira deixou o convite a que visitem diovisual e do cinema. Agradeceu, de resto, a disponibilidade do Município
e desfrutem da exposição. para a parceria estabelecida no âmbito desta exposição, notando que “nem
Álvaro Campelo, Comissário Científico da exposição, destacou o novo todas as Câmaras Municipais estão disponíveis para tal”.
olhar que tem incidido sobre a arte do junco, o qual tem permitido dar a co- Na resposta, o Presidente Benjamim Pereira manifestou total disponibili-
nhecer e conferir beleza e valor ao que antes eram vistos como “objetos uti- dade para dar seguimento a quaisquer projetos que possibilitem “projetar
litários que foram sinónimo de dor e de sofrimento”. A propósito da mostra, para o exterior aquilo que de bom temos”. Vincou que o Município tem feito
referiu que a imagem traz conhecimento, que transporta histórias de vida um enorme investimento nas áreas da cultura e do património, por se tratar
e se reveste de emoção, destacando, assim, a “relação a relação emocional de “um ativo financeiro para o desenvolvimento do concelho”.
com a arte e o património”.
Sobre a exposição “Urdir o Junco”, referiu que “é uma espécie de com-
Louvou o trabalho do Município na promoção e preservação da arte do plemento do Centro Interpretativo de Arte do Junco”, sediado no Centro
junco, a exemplo de outras vertentes culturais e patrimoniais, como é o Cultural de Forjães, um equipamento que decorre da estratégia cultural do
caso da apanha do sargaço, Álvaro Campelo expressou confiança no futu- Município de valorização e preservação do património imaterial, de que são
ro, considerando que “os mestres têm muito a dizer às nossas escolas”, ou exemplo a arte do junco e a apanha do sargaço, que motivou a criação do
seja, na transmissão do conhecimento e do saber fazer. Museu do Sargaço, em Apúlia.
Concluiu a sua intervenção com agradecimentos a todos quantos contri- Benjamim Pereira reiterou a intenção de criar um Museu dedicado a D. Se-
buíram para a exposição e vincou que sendo este um trabalho de um “fo- bastião e anunciou que o projeto da Casa-Museu Manuel de Boaventura
tógrafo excecional, tão consagrado, já é uma internacionalização” da arte se revestirá de uma maior abrangência, abarcando também a vertente da
do junco. etnografia. O objetivo é não só homenagear e divulgar este escritor e ho-
Esta exposição acolhe, em complemento, peças da mostra “Água Terra mem de cultura esposendense mas também preservar e evidenciar toda a
Fogo”, que resultam de trabalhos produzidos ao longo das últimas quatro vivência da época e daquela casa em particular.
edições do projeto académico “‘Design’ e Território” da ESMAD (Escola O Presidente da Câmara Municipal sublinhou que, apesar da sua dimen-
Superior de Media Artes e Design, do Instituto Politécnico do Porto). Com são, Esposende assume-se como um território ambicioso, inovador e dife-
curadoria de Abel Tavares e coordenação de Olívia Marques da Silva, é uma renciador, que beneficia de um património natural e patrimonial de exce-
viagem entre as terras raianas do Nordeste Transmontano até às ardentes lência e de uma qualidade de vida excecional.
paisagens do Baixo Alentejo, passando pelos juncais no prado salgado do
Cávado. Todo o investimento do Município contribui para o cumprimento das metas
dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030
Na sua intervenção, a Presidente do ESMAD, Olívia Marques da Silva, des- da ONU, nomeadamente a valorização da diversidade cultural e a contri-
tacou a importância da ligação do ensino superior às regiões, “pela relação buição da cultura para o desenvolvimento sustentável, bem como a con-
que se pode estabelecer entre as diferentes áreas da escola com a comu- solidação dos esforços para proteger e salvaguardar o Património Cultural.
nidade”, no caso concreto o contacto dos alunos com os artesãos. Referiu Proporciona igualmente o desenvolvimento de novas dinâmicas ao nível
que a exposição evidencia, de forma particular, o trabalho artesanal asso- artesanato e do turismo criativo, para além de continuar a constituir um
ciado ao junco, onde sobressaem as mãos, e destacou a intensidade das elemento distintivo e exclusivo do território de Esposende.
cores, elogiando a mestria do fotógrafo. Em jeito de convite, exortou o Mu-
50 JULHO · 2024 #SIMatuaREVISTA