Page 32 - SIM 295
P. 32
SOLIDARIEDADE
Jantar Solidário Centro Novais e Sousa
SONHO DO LAR RESIDENCIAL
CONTINUA VIVO
M ais de 300 pessoas disseram “presente” ao chamamen- O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) poderia ser uma solução de
to feito pelo Centro Novais e Sousa, que tem a inten-
financiamento, mas, para a responsável, “é uma autêntica desgraça, por-
que considera que estas respostas, como o Lar Residencial, estão em desu-
ção de construir um Lar Residencial. “Foi um grupo de
pessoas, liderados pela Cláudia Botelho e pelo Paulo
so e aposta em residências partilhadas, por exemplo. E eu pergunto: acha
Morais, que nos desafiou para criarmos este evento e
tem sido uma surpresa muito agradável. Quando vim que é uma resposta para a Deficiência Mental moderada a severa? Para ir
para essas residências é preciso autonomia, que eles não têm”, lamenta. A
cá à primeira reunião, à Colunata Eventos, fui para casa cheia de medo, Segurança Social já deu indicação que poderá haver apoio para o CACI, o
porque achava que não íamos conseguir pessoas suficientes para encher que abre um caminho de esperança: “se nos ajudarem com o CACI, tenho a
a sala. Hoje, percebo que, se tivéssemos mais 50 lugares, também estariam certeza que conseguimos ter dinheiro para o Lar Residencial”.
completos”, agradece Lucinda Vilaverde, um dos nomes incontornáveis do A instituição prevê a construção de um lar residencial com 30 camas.
Centro de Atividades Ocupacionais Novais e Sousa, uma resposta social “Estas camas são para aqueles que não têm qualquer retaguarda familiar,
da Associação da Creche de Braga - Instituição Particular de Solidarieda- porque, apesar de adultos no BI, eles nunca deixam de ser crianças. O mais
de Social, vocacionada para o atendimento da população com Deficiência velho tem 64 anos e quase todos estão acima dos 40. Se hoje já temos este
Mental.
problema, daqui a uns anos será mais grave”, refere.
A responsável espera que “este seja aquele ‘pontapé’ que precisamos para
avançar, um projeto que tentamos que seja realidade há mais de 10 anos. Como o Novais e Sousa faz parte da Associação da Creche de Braga, Lucin-
Se somos a instituição mais antiga do país, também é suposto que a nossa da Vilaverde descarta o cenário de financiamento bancário. “Não podemos
população com deficiência mental seja das mais envelhecidas do país. Te- por em causa a sustentabilidade financeira de uma instituição que tem vá-
mos aqui pessoas sem qualquer retaguarda familiar, sem respostas para o rias respostas sociais no concelho de Braga. Se fosse para avançar por essa
fim da vida”, defende. via, já o teríamos feito há uns anos”.
2 MILHÕES DE EUROS É OBJETIVO Por fim, um pedido: “Não deixem as pessoas com deficiência para trás. Elas
não esperam por amanhã, nem vão alterar a forma como se relacionam
O “sonho” total custa dois milhões de euros, que inclui a reabilitação do com o mundo. Não podemos pensar que vão ‘abrir as asas’ e voar sozinhos.
Centro de Atividades e Capacitação para a Inclusão (CACI) e a constru- Isso não vai acontecer”, finaliza.
ção do Lar Residencial. “Eu acredito que, se conseguirmos pelo menos a Entre os convidados estavam várias entidades e empresas, com destaque
remodelação do edifício do Novais e Sousa e o CACI, nós conseguiremos para a AGERE, que doou à instituição os 5 mil euros ganhos no Prémio Ci-
verbas próprias e ajudas das pessoas para tornar o lar realidade. Até agora, dade+, na categoria Equipas Felizes, no 5 º Encontro Nacional de Limpeza
já conseguimos angariar 350 mil euros das pequenas iniciativas que fomos Urbana, que decorreu em Dezembro de 2023.
fazendo ao longo dos anos, com este jantar também incluído”, explica Lu-
cinda Vilaverde.
32 JUNHO · 2024 #SIMatuaREVISTA